Visita de Lula da Silva a Portugal é afirmação dos valores da democracia
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou Portugal entre os dias 21 e 25. A sua presença motivou manifestações de apoio da comunidade brasileira no País e de diversas organizações nacionais.
«Pela democracia, contra o fascismo», no Brasil e em todo o lado
A visita de Lula da Silva a Portugal mobilizou os sectores progressistas da imigração brasileira, que saudaram o Presidente à sua chegada, na manhã de sábado, 22, ao Mosteiro dos Jerónimos.
Para o dia 25 de Abril, também da parte da manhã, o núcleo do PT em Lisboa convocou um «acto em defesa da democracia», ao qual compareceram brasileiros e outras pessoas, mobilizadas por organizações portuguesas de defesa da paz, da democracia, dos direitos, que fizeram ali questão de manifestar a sua solidariedade ao povo do Brasil na sua luta pela democracia e a soberania.
Entre palavras de ordem de apoio a Lula da Silva – como o já célebre «Lula guerreiro do povo brasileiro» – houve motes e cartazes contra o fascismo e em defesa dos valores de Abril, repetidos horas mais tarde no grande desfile que percorreu a Avenida da Liberdade (ver páginas 4 e 5), onde se integraram muitos dos que, de manhã, se concentraram junto à Assembleia da República.
A presença em Portugal do Presidente brasileiro serviu ainda de pretexto às forças mais reaccionárias para tentarem ofuscar as comemorações populares do 25 de Abril. No interior do hemiciclo foi montada uma encenação, cujo impacto se deveu apenas à projecção mediática que lhe foi concedida.
Programa intenso
O programa da visita a Portugal do presidente Lula da Silva, do Brasil, começou no sábado, 22, com as boas-vindas com honras militares, em Lisboa. Seguiu-se uma cerimónia no interior do Mosteiro dos Jerónimos, em que Lula depositou uma coroa de flores junto ao túmulo de Luís de Camões.
Depois, o chefe de Estado brasileiro reuniu-se com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, a que se seguiu um encontro de delegações e um outro, com o primeiro-ministro António Costa.
Da delegação que acompanhou Lula, fizeram parte vários ministros do seu governo, entre os quais Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e também presidente do Partido Comunista do Brasil. Integraram também a comitiva brasileira os ministros dos Negócios Estrangeiros, Defesa, Educação, Cultura, Saúde, Igualdade Racial, Direitos Humanos, além do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República.
Na segunda-feira, 24, Lula da Silva participou no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, em Matosinhos. Do Porto, regressou a Lisboa num avião de transporte militar KC-390, produzido pela Embraer, empresa com investimentos em Portugal e à qual o Estado português comprou cinco daqueles aviões. Após o retorno à capital, deslocou-se às OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, controlada pela Embraer.
Nesse mesmo dia 24, no Palácio de Queluz, o presidente brasileiro entregou o Prémio Camões, de 2019, ao cantor, compositor e escritor Chico Buarque.
Na terça-feira, 25 de Abril, realizou-se na Assembleia da República uma sessão solene em homenagem ao chefe de Estado brasileiro. Lula da Silva, de cravo vermelho ao peito, usou da palavra para saudar a Revolução dos Cravos, confirmar o retorno da democracia ao Brasil e condenar o fascismo, lá e cá. A assistir a esta sessão esteve, entre personalidades de várias áreas, o Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.