Sobem lucros e dividendos
O lucro (resultado líquido) do Grupo EDP em 2022 atingiu 1170 milhões de euros e cerca de 753,5 milhões vão ser entregues aos accionistas, como dividendos, enquanto por valorizar ficam os trabalhadores e os seus salários.
Para a Fiequimetal/CGTP-IN, que comentou os resultados no dia 2, a série de «lucros gordos» dos últimos anos «foi também alcançada à custa do embaratecimento da força de trabalho, da exploração das competências e saberes de todos aqueles que dão de si o melhor do seu empenho profissional».
Por outro lado, o acordo celebrado na Concertação Social por Governo e patrões, para actualizações salariais até 5,1 por cento, deixou clara «a intenção de fixar um tecto ao crescimento dos salários», com benefício para as empresas, por via da redução de impostos. «É uma prestação de serviços do actual Governo aos grandes grupos económicos, que a EDP vai aproveitar em 2024, ficando isenta de pagar parte significativa do IRC», protestou a federação.
A administração da Galp Energia «não poderá afirmar que não tem recursos para aumentar salários condignamente e para fazer os investimentos imprescindíveis para assegurar o futuro», salientou a Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, reagindo à apresentação dos resultados anuais do grupo. Com lucros de 881 milhões de euros, quase metade irá para dividendos (52 cêntimos por acção, acima do último ano e acrescido ao pagamento intercalar de 26 cêntimos em Setembro),
Estes resultados foram «históricos, os maiores de sempre» e «alinhados com o sector energético-petrolífero mundial», por efeito, principalmente, da guerra na Ucrânia e do «movimento especulativo em torno do petróleo e refinados», assinala a CCT, num comunicado que intitulou «A guerra salva».
A administração da Caixa Geral de Depósitos «não quer negociar, mas sim impor aumentos salariais abaixo da inflação», acusou o STEC, anteontem, após seis reuniões de negociação, com a posição patronal em apenas 4,5 por cento (média ponderada).
Para o sindicato, «é também inaceitável que a CGD queira impor este aumento salarial, quando se constata um aumento da produtividade dos trabalhadores, traduzida em lucros astronómicos de 843 milhões, em 2022».
Assinala ainda o STEC que isto ocorre num grupo, cujo presidente «não tem dúvidas em afirmar que “as empresas têm de pagar melhor às pessoas», mas, naturalmente referindo-se a quaisquer outras empresas».
As 25 companhias de seguros subscritoras do Acordo Colectivo de Trabalho (ACT 2020) não aceitaram a última proposta do Sinapsa, para actualização da tabela salarial em seis por cento e pagamento de uma prestação mensal de 40 euros. «Não se pode aceitar que os trabalhadores continuem a empobrecer, enquanto as empresas continuam a enriquecer», contestou o sindicato, lembrando que, em 2021, aquelas seguradoras somaram 173 milhões de euros de lucros.