Pela Paz! Não à escalada de confrontação e guerra!

Pedro Guerreiro (Membro do Secretariado)

O imperialismo está cada vez mais empenhado num grave foco de tensão e de guerra

Como o PCP tem justamente salientado, os EUA, com o alinhamento dos seus aliados – particularmente da NATO e da União Europeia, mas também do Japão e de outros países da região Ásia-Pacífico –, tem vindo a intensificar a sua estratégia de domínio hegemónico global, atingindo um patamar qualitativamente novo e ainda mais grave.

Tal é evidente na sua insistência na ingerência, na agressão, na imposição de sanções e bloqueios, na tentativa de isolamento político e económico de países e povos que não se submetem aos seus ditames, em que se enquadram a escalada de confronto e guerra contra a Rússia e a confrontação contra a China.

Se não obedecido e seguido na sua estratégia de confrontação e guerra, o imperialismo norte-americano, com o subserviente e empolgado empenho da NATO e da UE, multiplica todo o tipo de pressões e chantagens – diplomáticas, políticas, económicas, financeiras, militares – sobre os muitos países que mantêm uma posição própria sobre o conflito, não alinhando com a escalada belicista. Desta forma, os EUA visam não só impedir as opções soberanas de desenvolvimento e de relacionamento internacional desses países, como a manutenção de relações de domínio e dependência, incluindo de carácter neocolonial.

E, à semelhança do que se verificou em momentos anteriores – recordemos, entre outros, o boicote: do acordo entre o Presidente ucraniano e a oposição, de 21 de Fevereiro de 2014; dos acordos de Minsk, de 2014 e 2015; ou do acordo preliminar, de Março de 2022, alcançado em Istambul –, continuam as manobras do imperialismo que visam animar o prosseguimento da política de cerco, pressão e isolamento da Rússia e, deste modo, obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo, desanuviamento e normalização das relações no plano internacional, assim como a defesa e a promoção da paz, da cooperação, do desarmamento, particularmente na Europa.

Saliente-se ainda a grave tentativa de envolver e procurar a cobertura da ONU para essas manobras, porquanto a insistência na instrumentalização das Nações Unidas para impor a lógica da confrontação, e não da paz, mina os seus fundamentos e sua própria existência.

É cada vez mais evidente que os EUA, a NATO e a UE continuam a promover a escalada do conflito, que há anos travam na Ucrânia, contra a Rússia. O envio de armamento cada vez mais sofisticado e ofensivo encerra sérias consequências e acrescidos perigos para os povos da Europa, particularmente para o povo ucraniano, utilizado e sacrificado na estratégia bélica do imperialismo norte-americano.

Do mesmo modo, é cada vez mais evidente que são os povos que estão a pagar os custos da instigação da guerra, da deriva militarista e das sanções fomentadas e impostas pelos EUA, a NATO e a UE. Custos patentes no aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade, no ataque aos direitos e às condições de vida, no agravamento da pobreza e das desigualdades, na deterioração económica e social – e que se traduzem em colossais lucros para as grandes empresas de armamento, da energia, da alimentação, da distribuição ou da banca.

O imperialismo está cada vez mais empenhado num grave foco de tensão e de guerra com o objectivo de justificar a sua política de exploração e opressão, de hegemonia planetária.

Neste contexto, o anúncio do envio de mais armamento por parte do Governo português para a Ucrânia constitui um novo passo na vinculação e submissão de Portugal à política de escalada armamentista, de prolongamento da guerra e de agravamento do conflito no Leste da Europa – o que contraria princípios da Constituição da República Portuguesa, como a resolução pacífica dos conflitos internacionais.

Assume cada vez maior urgência a exigência de que os EUA, a NATO e a UE cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia

Assume cada vez maior importância o desenvolvimento da luta pela paz, contra o fascismo e a guerra.

Não há apologia da guerra, não há deturpação da verdade, que altere esta realidade!




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