Responsável golpista detido na Bolívia
O governador do departamento de Santa Cruz, Fernando Camacho, de extrema-direita, um dos instigadores do violento golpe de Estado de 2019 contra o presidente constitucional Evo Morales, foi detido e encontra-se sob prisão preventiva.
Fernando Camacho foi um dos principais instigadores do violento golpe de Estado de 2019
A polícia da Bolívia deteve, a 28 de Dezembro, o governador do departamento de Santa Cruz, Fernando Camacho, um dos chefes da extrema-direita boliviana. Um tribunal de La Paz ordenou a sua prisão preventiva, por quatro meses, que já está a ser cumprida, no estabelecimento prisional de Chonchocoro, próximo da capital.
Decorre, entretanto, uma investigação sobre os factos que conduziram ao golpe de Estado e ao afastamento do então presidente Evo Morales, em Novembro de 2019.
Camacho está a ser investigado no quadro do processo denominado Golpe de Estado I, que refere o seu conluio com políticos da direita e chefias policiais e militares para levar a cabo o golpe. Em resultado dessa conspiração, foi imposto na Bolívia um governo de facto, em 2019-2020, responsável pela repressão de manifestações populares que defendiam a ordem democrática. A repressão golpista originou os massacres de Sacaba e Senkata, causando 38 mortos e centenas de feridos, além de milhares de violações dos direitos democráticos.
Após a detenção de Camacho, manifestantes em La Paz e El Alto exigiram «justiça e prisão» para o governador, pelo seu envolvimento no golpe de Estado que depôs o presidente constitucional Evo Morales e o substituiu pela golpista Jeanine Áñez.
Em Santa Cruz, a extrema-direita organizou acções contra a prisão do governador, com ataques a efectivos policiais e destruição de propriedade pública, incluindo o incêndio de edifícios do Estado e de automóveis.
Pronunciando-se sobre a situação, o ex-presidente Evo Morales, hoje dirigente do Movimento Ao Socialismo (MAS), força política que sustenta o actual governo da Bolívia, desejou «firmeza» na decisão da Justiça de processar o impulsionador do golpe de 2019. «Finalmente, depois de três anos, Luis Fernando Camacho responderá pelo golpe de Estado que derivou em roubos, perseguições, detenções e massacres pelo governo de facto. Confiamos que esta decisão será mantida com a firmeza exigida pelo clamor de justiça do povo», escreveu Evo Morales na rede social Twitter.