Desenvolvimento da ferrovia exige mais investimento e menos anúncios
A construção de uma ligação ferroviária entre Lisboa e Porto capaz de fazer o percurso entre as duas cidades em 1h15m não pode ser de novo uma promessa por cumprir, adverte o PCP. É preciso mais investimento e menos anúncios.
O PCP acompanhará a concretização de mais este anúncio
Em nota divulgada pelo seu Gabinete de Imprensa após o anúncio do Governo, o Partido considera tratar-se de «uma infra-estrutura absolutamente estratégica para o País e para a rede ferroviária nacional, cuja construção o PCP vem reivindicando há dezenas de anos». É, ainda, «uma obra essencial para libertar a via actual» visando «uma oferta reforçada, quer urbana quer regional», bem como para «dar sentido às ligações internacionais que a ferrovia pode e deve assegurar».
Contudo, assinala o PCP, «o que é completamente inaceitável é que o anúncio [feito quinta-feira, 29], já tenha sido feito em 2000 no último Governo PS com António Guterres, em 2004 no Governo PSD com Durão Barroso, em 2008 no Governo PS de José Sócrates e em 2020 já com este Governo PS e António Costa».
«Até o tempo de deslocação (1h15) e o investimento previsto (4,5 mil milhões de euros) não variam», sublinha-se no texto divulgado, faz hoje uma semana, pelos comunistas portugueses, que lembram, além do mais, que «a conclusão da obra já esteve apontada para 2013, 2015, 2028 e agora 2030».
Nesse sentido, consideram «inaceitável que dezenas de milhões de euros tenham sido gastos em projectos e estudos cancelados, e muitos mais desperdiçados em fundos disponíveis e não utilizados e um valor incalculável perdido por falta desta infra-estrutura».
«Na verdade – prossegue o PCP –, enquanto os sucessivos governos anunciavam e não concretizavam esta obra verdadeiramente estratégica para o País, os comboios de Alta Velocidade da CP, capazes de circular a 220 Km/h, levavam e vão levar 2h48m a fazer os 330 Km entre Lisboa e Porto devido às muitas restrições de circulação na infra-estrutura actual».
Assim, «as razões que levaram os sucessivos governos a prometer e não cumprir não só revelam falta de seriedade, como são inseparáveis da submissão às orientações da União Europeia, da prioridade ao défice sobre o investimento público, da ausência de políticas viradas para o desenvolvimento do País».
«O PCP, ao mesmo tempo que acompanhará a concretização de mais este anúncio, continuará a lutar por uma política de promoção do transporte ferroviário, incluindo na vertente de construção nacional de material circulante e da sua articulação com o equilíbrio territorial e o desenvolvimento do País», garante o Partido, a concluir.