Gratuitidade das fichas é batalha a prosseguir

«Ao con­trário dos que con­testam a gra­tui­ti­dade e de­fendem uma po­lí­tica “as­sis­ten­ci­a­lista”, o PCP re­a­firma que, com um acrés­cimo re­si­dual na des­pesa do Mi­nis­tério da Edu­cação, se al­can­çará um ver­da­deiro in­ves­ti­mento para o fu­turo, con­tri­buindo para o au­mento do nível de es­co­la­ri­dade da po­pu­lação, com re­flexos po­si­tivos no de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial do País».

Ficou em aberto uma so­lução idên­tica para os ca­dernos de ac­ti­vi­dades

Jorge Pires, membro da Co­missão Po­lí­tica do PCP, re­bateu, desta forma, a falsa ideia de que a gra­tui­ti­dade das fi­chas de exer­cí­cios re­pre­senta um es­forço in­com­por­tável para o erário pú­blico. Em con­fe­rência de im­prensa re­a­li­zada sexta-feira, 12, o di­ri­gente co­mu­nista su­bli­nhou também que, apesar de a «Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa» atri­buir «ao Es­tado o dever de as­se­gurar a todos o acesso ao en­sino, ga­ran­tindo a igual­dade de opor­tu­ni­dades e a sua gra­tui­ti­dade», o apu­ra­mento mais re­cente in­dica que «o in­ves­ti­mento das fa­mí­lias por­tu­guesas na edu­cação é hoje um dos mai­ores da União Eu­ro­peia», sendo que- «um dos ele­mentos que mais pesa é a aqui­sição de fi­chas de exer­cí­cios e ou­tros ma­te­riais di­dác­ticos».

A opor­tu­ni­dade de voltar à ba­talha pela gra­tui­ti­dade das fi­chas de exer­cício foi igual­mente re­al­çada por Jorge Pires, que lem­brou que «a grande mai­oria das fa­mí­lias por­tu­guesas com fi­lhos em idade es­colar en­frenta, em Agosto e Se­tembro, uma grande pressão, fruto da ne­ces­si­dade de ad­quirir o ma­te­rial es­colar e di­dác­tico».

A si­tu­ação é mais grave «quando con­fron­tada com uma si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial mar­cada por baixos sa­lá­rios e uma es­ca­lada ex­po­nen­cial dos preços de bens es­sen­ciais». De resto, de acordo com dados de 2016 do Ins­ti­tuto Na­ci­onal de Es­ta­tís­ticas (INE), «a des­pesa dos agre­gados fa­mi­li­ares com a edu­cação foi em média de 1063 euros por ano».

E «as di­fi­cul­dades para as fa­mí­lias só não são mai­ores porque, ao fim de muitos anos de luta para que os ma­nuais es­co­lares fossem dis­tri­buídos gra­tui­ta­mente, o PCP con­se­guiu que fosse apro­vada, no Or­ça­mento do Es­tado, uma pro­posta» nesse sen­tido. Pas­sados seis anos do início do pro­cesso, «mais de um mi­lhão e cem mil alunos do en­sino pú­blico têm acesso aos ma­nuais gra­tuitos, o que se traduz numa pou­pança para as fa­mí­lias de cerca de 140 mi­lhões de euros por ano», cal­culou o membro da Co­missão Po­lí­tica do Par­tido.

Justo e ne­ces­sário

«Esta foi uma me­dida de enorme pro­gresso e de jus­tiça para as cri­anças e suas fa­mí­lias, con­tri­buindo de­ci­si­va­mente para a va­lo­ri­zação da Es­cola Pú­blica e para a con­cre­ti­zação do prin­cípio cons­ti­tu­ci­onal de gra­tui­ti­dade do en­sino», in­sistiu Jorge Pires, que lem­brou que, não obs­tante, «o di­reito cons­ti­tu­ci­onal da gra­tui­ti­dade con­tinua por cum­prir» na sua ple­ni­tude.

«Re­sol­vida a dis­tri­buição gra­tuita dos ma­nuais es­co­lares, ficou em aberto uma so­lução idên­tica para os ca­dernos de ac­ti­vi­dades, que têm custos muito pró­ximos dos ma­nuais es­co­lares e são igual­mente obri­ga­tó­rios. De acordo com os va­lores de 2021, só as fa­mí­lias dos mais de 320 mil alunos do 1º ciclo terão uma des­pesa su­pe­rior a 11 mi­lhões de euros», de­nun­ciou o di­ri­gente co­mu­nista, para quem, «num con­texto em que a Acção So­cial Es­colar con­tinua a re­velar-se in­su­fi­ci­ente, o alívio da des­pesa com as fi­chas de exer­cí­cios é um apoio im­por­tante às fa­mí­lias».

A me­dida con­tri­buiria, igual­mente, «para a me­lhoria das con­di­ções de vida das cri­anças e jo­vens, fac­tores im­por­tantes para um me­lhor apro­vei­ta­mento na es­cola». Este ele­mento é tanto mais im­por­tante quanto se sabe que «as con­di­ções sócio-eco­nó­micas das fa­mí­lias e as di­fi­cul­dades dos pais em acom­pa­nharem os fi­lhos em idade es­colar são uma das prin­ci­pais causas para as ele­vadas taxas de aban­dono e in­su­cesso es­co­lares».

Vol­tando aos nú­meros do INE, neste caso re­fe­rentes ao pri­meiro tri­mestre de 2022, «a taxa de aban­dono es­colar situa-se nos 5,1% e a taxa de in­su­cesso es­colar varia entre os 1,4% no 1º ano do 1º ciclo e os 14,2% no se­cun­dário», de­ta­lhou Jorge Pires.

Nesse sen­tido, rei­terou a ur­gência da «apro­vação de pro­postas que per­mitam o pleno cum­pri­mento da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa», de­sig­na­da­mente «o acesso gra­tuito às fi­chas de exer­cí­cios», que «cons­ti­tuirá um im­por­tante con­tri­buto para com­bater o aban­dono e in­su­cesso es­co­lares, pelo que o PCP re­a­pre­sen­tará uma pro­posta (re­jei­tada, re­corde-se, pelo PS no Or­ça­mento do Es­tado para 2022), vi­sando a sua pro­gres­siva gra­tui­ti­dade e alar­ga­mento a toda a es­co­la­ri­dade obri­ga­tória», in­formou.

«A cerca de um mês da aber­tura do ano lec­tivo, com todos os pro­blemas ine­rentes à falta de pro­fes­sores e quando a re­cu­pe­ração das apren­di­za­gens con­tinua a não ser uma pri­o­ri­dade para o Go­verno, que nem se­quer cumpre o plano apre­sen­tado, o PCP bater-se-à para que a gra­tui­ti­dade seja alar­gada aos ca­dernos de ac­ti­vi­dades para todos os alunos do en­sino obri­ga­tório, bem como ou­tras pro­postas para re­forço das con­di­ções de apren­di­zagem e de fun­ci­o­na­mento das es­colas», as­se­gurou, a con­cluir.




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