Lutar pela paz, afirmar a solidariedade com os povos em luta

Ângelo Alves (Membro da Comissão Política)

Os desenvolvimentos na situação internacional estão a confirmar a justeza e correcção da análise e posicionamento do PCP. A luta pela paz, contra o imperialismo e o militarismo e a solidariedade com os povos em luta assume grande importância.

Os EUA adoptaram uma estratégia de confrontação com a China e a Rússia para impor uma “nova ordem”

Quando o PCP enquadrou a sua posição relativa à guerra na Ucrânia num quadro geral, de compreensão das dinâmicas em que ela se insere, afirmando que «a realidade está a demonstrar que os EUA não olham a meios para tentar contrariar o seu declínio relativo, no quadro da crise estrutural do capitalismo e do profundo processo de rearrumação de forças que prossegue no plano mundial», estava não só a alertar para as razões de fundo daquele conflito, como também a alertar para os perigos de uma evidente estratégia de confrontação do imperialismo.

Desde Fevereiro até hoje os acontecimentos confirmaram esses alertas. Na Ucrânia os acontecimentos e notícias demonstram a natureza e métodos do regime de Zelensky e simultaneamente as reais intenções dos que promovem o regime ucraniano, a guerra e o seu prolongamento. Se as ligações de Zelensky e de várias outras figuras do regime a esquemas de corrupção ou o conteúdo do relatório da Amnistia Internacional sobre a utilização de zonas habitacionais e infra-estruturas públicas para instalações e operações de combate militar não são novidade para o PCP, já as notícias em torno da central nuclear de Zaporizhzhia e as declarações de Zelensky nesse quadro, ou ainda o apelo xenófobo e racista a uma punição colectiva de todo o povo russo, demonstram que da parte dos EUA e do seu ainda homem de mão, parece não haver limites no elevar da tensão e na opção de fazer perdurar a guerra.

Contudo é cada vez mais claro que a Ucrânia é “apenas” uma peça de uma estratégia do imperialismo norte-americano de confrontar directa ou indirectamente, inclusivamente usando a força militar, os países que põem em causa o domínio hegemónico dos EUA. A tendência é que essa estratégia se desenvolva ainda mais e se alargue à medida que o pântano económico, social e político em que os EUA estão mergulhados se adensa e que a União Europeia arrasta a Europa para a pobreza, o retrocesso e a irrelevância no plano internacional.

Por mais que alguns manipulem e mintam sobre as posições do PCP e por mais que tentem colar os comunistas a este ou aquele governo - ignorando a comprovada independência política do PCP - a mais límpida verdade é a que os EUA tomaram a decisão de levar a cabo uma confrontação com a China e a Rússia, bem como com outros países, como forma de tentar impor a “nova ordem” de que os EUA têm vindo a falar.

Só isso explica a insana decisão de Nanci Pelosi de dar o tiro de partida de uma nova frente de tensão com a China, o anúncio da Administração Norte-Americana de um novo e «ambicioso programa» de «reforço das relações económicas e comerciais» com Taiwan e a decisão, anunciada por um membro do Conselho de Segurança Nacional do EUA, responsável pela pasta do Indo-Pacífico de realizar «travessias aéreas e marítimas convencionais pelo estreito de Taiwan nas próximas semanas». Esta enorme provocação dos EUA dá sequência a um conjunto de manobras na região, onde se integram os recentes desenvolvimentos políticos no Japão que visam o desenvolvimento do militarismo japonês e o fim do princípio da não intervenção militar fora das suas fronteiras. Quem conhece a História sabe bem da gravidade destes desenvolvimentos a que se juntam outros como novas escaladas e manobras no Médio Oriente, Afeganistão e continente africano.

O mundo está confrontado com muitos perigos, a luta pela paz é de crucial importância, tal como o é o apoio e solidariedade com os povos em luta. Nesse sentido a solidariedade internacional expressa em Cuba no catastrófico incêndio de Matanzas ou a reabertura de relações diplomáticas e militares entre a Venezuela e Colômbia são boas notícias. Tal como esperamos que o sejam os resultados das forças progressistas e patrióticas em importantes processos eleitorais que terão lugar já este mês em Angola e em Outubro no Brasil.




Mais artigos de: Opinião

Cuba precisa da nossa solidariedade

O trágico incêndio na estação de depósitos de combustível de Matanzas, que custou a perda de vidas humanas, centenas de feridos e 14 desaparecidos, depois de vários dias de dramático combate foi finalmente extinto. Uma «vitória que gera vitória», assim se expressou então durante a sua visita ao local Miguel Diaz-Canel o...

Tentativas e erros

Começo esta crónica com um episódio pessoal. Limitado, como todos serão, mas – creio – exemplar. Estávamos em 1995 e a Festa do Avante!, como habitualmente, transbordava de gente – e particularmente de jovens. Entre eles estava eu, estudante do Ensino Secundário e militante recente da Juventude Comunista Portuguesa....

Alternativa versus alternância

Em declarações prestadas no domingo, 14, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (PPC) –, que se deslocou à Quarteira, no Algarve, para participar na Festa do Pontal do PSD, naquilo a que, curiosamente, chamam o comício da «rentrée» – considerou que Portugal precisa de um executivo diferente e disse acreditar que...

Lembremo-nos dos CTT

A impunidade que a administração dos CTT vai exibindo cada vez que é confrontada com a degradação do serviço postal só pode ser compreendida à luz do poder que o grande capital detém no nosso país e que foi, de certa forma, reforçado e estendido com as privatizações. Vieram agora a público notícias que dão conta da...

O raio que os parta!

Dói muito ver o Parque Natural da Serra da Estrela a arder. Dias a fio de destruição, imagens de uma intensa violência, milhares de hectares ardidos, dezenas de aldeias em pânico, pastos, campos agrícolas, olivais, vinhas, dizimados pela besta que parece que não há nada que detenha. Dói ver coberta de negro, seguramente...