- Nº 2542 (2022/08/18)

Lutar pela paz, afirmar a solidariedade com os povos em luta

Opinião

Os desenvolvimentos na situação internacional estão a confirmar a justeza e correcção da análise e posicionamento do PCP. A luta pela paz, contra o imperialismo e o militarismo e a solidariedade com os povos em luta assume grande importância.

Quando o PCP enquadrou a sua posição relativa à guerra na Ucrânia num quadro geral, de compreensão das dinâmicas em que ela se insere, afirmando que «a realidade está a demonstrar que os EUA não olham a meios para tentar contrariar o seu declínio relativo, no quadro da crise estrutural do capitalismo e do profundo processo de rearrumação de forças que prossegue no plano mundial», estava não só a alertar para as razões de fundo daquele conflito, como também a alertar para os perigos de uma evidente estratégia de confrontação do imperialismo.

Desde Fevereiro até hoje os acontecimentos confirmaram esses alertas. Na Ucrânia os acontecimentos e notícias demonstram a natureza e métodos do regime de Zelensky e simultaneamente as reais intenções dos que promovem o regime ucraniano, a guerra e o seu prolongamento. Se as ligações de Zelensky e de várias outras figuras do regime a esquemas de corrupção ou o conteúdo do relatório da Amnistia Internacional sobre a utilização de zonas habitacionais e infra-estruturas públicas para instalações e operações de combate militar não são novidade para o PCP, já as notícias em torno da central nuclear de Zaporizhzhia e as declarações de Zelensky nesse quadro, ou ainda o apelo xenófobo e racista a uma punição colectiva de todo o povo russo, demonstram que da parte dos EUA e do seu ainda homem de mão, parece não haver limites no elevar da tensão e na opção de fazer perdurar a guerra.

Contudo é cada vez mais claro que a Ucrânia é “apenas” uma peça de uma estratégia do imperialismo norte-americano de confrontar directa ou indirectamente, inclusivamente usando a força militar, os países que põem em causa o domínio hegemónico dos EUA. A tendência é que essa estratégia se desenvolva ainda mais e se alargue à medida que o pântano económico, social e político em que os EUA estão mergulhados se adensa e que a União Europeia arrasta a Europa para a pobreza, o retrocesso e a irrelevância no plano internacional.

Por mais que alguns manipulem e mintam sobre as posições do PCP e por mais que tentem colar os comunistas a este ou aquele governo - ignorando a comprovada independência política do PCP - a mais límpida verdade é a que os EUA tomaram a decisão de levar a cabo uma confrontação com a China e a Rússia, bem como com outros países, como forma de tentar impor a “nova ordem” de que os EUA têm vindo a falar.

Só isso explica a insana decisão de Nanci Pelosi de dar o tiro de partida de uma nova frente de tensão com a China, o anúncio da Administração Norte-Americana de um novo e «ambicioso programa» de «reforço das relações económicas e comerciais» com Taiwan e a decisão, anunciada por um membro do Conselho de Segurança Nacional do EUA, responsável pela pasta do Indo-Pacífico de realizar «travessias aéreas e marítimas convencionais pelo estreito de Taiwan nas próximas semanas». Esta enorme provocação dos EUA dá sequência a um conjunto de manobras na região, onde se integram os recentes desenvolvimentos políticos no Japão que visam o desenvolvimento do militarismo japonês e o fim do princípio da não intervenção militar fora das suas fronteiras. Quem conhece a História sabe bem da gravidade destes desenvolvimentos a que se juntam outros como novas escaladas e manobras no Médio Oriente, Afeganistão e continente africano.

O mundo está confrontado com muitos perigos, a luta pela paz é de crucial importância, tal como o é o apoio e solidariedade com os povos em luta. Nesse sentido a solidariedade internacional expressa em Cuba no catastrófico incêndio de Matanzas ou a reabertura de relações diplomáticas e militares entre a Venezuela e Colômbia são boas notícias. Tal como esperamos que o sejam os resultados das forças progressistas e patrióticas em importantes processos eleitorais que terão lugar já este mês em Angola e em Outubro no Brasil.


Ângelo Alves