Aumento da electricidade não tem justificação
«O PCP considera inaceitável a existência de qualquer aumento da electricidade, pelo que o Governo deve tomar todas as medidas que o impeçam», exigiu Jorge Pires.
É decisivo romper com o mercado liberalizado de energia
Em declaração divulgada segunda-feira, 1, o membro da Comissão Política do Partido reagiu ao anúncio de um dos operadores privados do mercado liberalizado da electricidade em Portugal, a Endesa, de que a electricidade vai aumentar 40% nos próximos meses». A situação, que «está a provocar natural preocupação», foi entretanto negada pelo Governo. Contudo, o desmentido «não deixa ninguém descansado porque o Governo continua sem explicar com clareza como vai financiar o Mecanismo Ibérico».
Aliás, «o PCP já expressou em várias ocasiões a preocupação que esse custo venha a ser suportado – de uma forma ou de outra – pelos consumidores», lembrou Jorge Pires, que sublinhou, ainda, que os comunistas portugueses consideram «totalmente inaceitável qualquer novo aumento do custo da electricidade. Porque nada o justifica».
«O que está a fazer disparar os custos de produção é a especulação, que aproveita a redução de oferta por efeito das sanções», acrescentou o dirigente do Partido, para quem «o povo português não pode continuar a ser sacrificado para alimentar o lucro das grandes empresas energéticas».
Exemplo disso é o facto de «a própria Endesa, que ameaça com um aumento de 40% nas tarifas eléctricas, acabar de registar lucros de 734 milhões de euros no primeiro semestre de 2022».
O Governo tem de explicar «quem e como se vai financiar o Mecanismo Ibérico», insistiu Jorge Pires, que reafirmando, igualmente, «que nada justifica novos aumentos das tarifas eléctricas», reclama «a adopção de um conjunto de medidas – que só uma política patriótica e de esquerda assegurará – que rompam decididamente com a liberalização do sector da Energia».
O Partido deixou ainda fortes críticas ao «conjunto de opções erradas que sucessivos governos têm prosseguido e que ajudam a explicar as actuais dificuldades». Designadamente «a total dependência nacional do gás na produção (não intermitente) de electricidade», a qual «só existe porque se precipitou o encerramento – com a oposição do PCP - das centrais térmicas a carvão; ou «o modelo de um mercado liberalizado, com as empresas estratégicas nacionais privatizadas», que «só funciona na óptica da acumulação de capital, mas é completamente incapaz de garantir a satisfação das necessidades das populações, das empresas, do País».
«Só a manutenção de um mercado regulado de electricidade, com o contributo decisivo do PCP, tem protegido os consumidores nele abrigados dos efeitos especulativos sobre o preço da electricidade», notou, também Jorge Pires.