Ataques, decisões, omissões e a Festa que lhes dói

A Festa do Avante! voltou ao Jornal da Noite da SIC na última semana. Desta vez não fomos brindados com uma falsificação do The New York Times, como em 2020, mas o ataque à Festa – e, no caso, aos artistas que nela participam – ficou a cargo de um dos comentadores residentes. Coincidência ou não, o episódio surgiu no dia seguinte a tornar-se pública a decisão da ERC que classificou o tratamento da SIC ao comício do PCP de 6 de Março, no Campo Pequeno, como uma peça assente na «desvalorização e ridicularização da posição do PCP».

Sendo de saudar a prova de vida que a ERC deu, talvez por se ter ficado por «instar» a SIC a cumprir as suas obrigações, esta não se sentiu na necessidade de dar qualquer expressão às conclusões daquela entidade e manteve os velhos hábitos.

Nos dias seguintes, vários artistas recorreram aos seus meios – nas redes sociais, tantas vezes usadas como fontes jornalísticas – para responder a manifestações de ódio animadas pelo que se viu na SIC. Ao contrário do que acontece tantas vezes quando artistas se expressam nestes meios, essas publicações não chegaram a ecrãs televisivos, a emissões de rádio, a páginas de jornal. As publicações de Dino D’Santiago ou de Bia Ferreira, por exemplo, que dão clara resposta a assomos fabricados de indignação selectiva, não tiveram qualquer expressão mediática.

Podem-se tirar daqui várias conclusões. Primeira, fica clara a incapacidade de a ERC fazer cumprir as obrigações legais dos órgãos de comunicação social quando atiram janela fora o rigor e a isenção, e os substituem pelo preconceito. Supõe-se que a deliberação daquela entidade tenha ido parar ao mesmo sítio onde repousam as queixas sobre a utilização de uma imagem falsa para alimentar a campanha contra a realização da Festa do Avante!. Segunda, mantém-se uma cirúrgica precisão no tratamento mediático da Festa, como da acção do Partido: ora se dá expressão a elementos que servem para «desvalorizar e ridicularizar» ou se apaga e escondem os elementos que não cabem nesse objectivo. Terceira, que a dimensão inigualável da Festa do Avante! no Portugal de Abril – pelo seu programa cultural, pelo seu conteúdo político, pelos valores que lhe estão associados, por ser construída e funcionar tendo por base a capacidade organizativa e de transformação, não apenas dos comunistas, mas de muitos amigos do Partido e da Festa – continua a ser difícil de engolir para os centros de decisão mediáticos.

Os mesmos órgãos de comunicação social que, em 2020, tomaram parte na campanha contra a realização da Festa – para muitos, a única oportunidade que os artistas tiveram para trabalhar durante um ano inteiro -, que se revelou exemplar nas medidas adoptadas para o seu sucesso, dão agora palco a novas pressões sobre os artistas que têm encontro marcado com a edição deste ano. Como em 2020, não será pelas campanhas mediáticas que a Festa deixará de ser o palco privilegiado para conhecer o que de melhor temos na nossa cultura.



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