Aumento dos juros é apoio ao Capital
«O anúncio do BCE de aumento das taxas de referência em 50 pontos representa uma opção política centrada nos interesses dos grandes grupos económicos», considera o PCP. Em nota de imprensa divulgada após o anúncio do banco da União Europeia (UE), o Partido defende que a inflação deve ser «combatida através de medidas de valorização dos salários e dos direitos laborais, do controlo dos preços e intervenção pública nos mercados de bens e serviços essenciais».
Contudo, acrescenta-se, «as opções da UE e do BCE são as de continuar a privilegiar a acumulação de lucros, seja pelo aumento da exploração dos trabalhadores, seja pela especulação de preços, seja ainda recorrendo a uma medida de encarecimento do custo de capital, como se verifica agora com a decisão tomada de subida do valor das taxas de juro».
O Partido reafirma, também, que o brutal aumento dos preços é inseparável da política de sanções, que tem sido determinada em função dos interesses dos EUA (...), bem como do processo de recuperação da actividade económica pós-epidemia, marcado pelo aproveitamento que o grande capital fez e está a fazer desse processo». E alerta que «a subida da taxas de juro implicará a desvalorização dos salários, a subida de muitas prestações bancárias e dificultará ainda mais o acesso ao crédito, colocando milhares de famílias e pequenas e médias empresas em situação de ainda maior fragilidade».
«Esta opção do BCE representará um ainda maior desequilíbrio entre as condições de financiamento público e privado, prejudicando as economias periféricas da zona Euro como a portuguesa e beneficiando as economias das grandes potências como a Alemanha», pelo que, uma vez mais, se confirma «a necessidade de Portugal recuperar a sua soberania monetária».
O PCP reitera, igualmente, que «a actual situação reclama uma intervenção do Estado na política de preços e na oferta dos bens e serviços essenciais, bem como o aumento geral dos salários e das pensões e a aposta na produção nacional».