Tribunal de Contas veio dar razão a alertas do PCP sobre Novo Banco

A au­di­toria do Tri­bunal de Contas (TdC) ao Novo Banco «de­monstra que o in­te­resse pú­blico não foi sal­va­guar­dado e que o ac­ci­o­nista pri­vado tudo fez para con­sumir o má­ximo de ca­pital, le­sando o in­te­resse pú­blico», como ad­vertiu o Par­tido.


O PCP de­nun­ciou o fa­vo­re­ci­mento do in­te­resse pri­vado sobre o pú­blico

Esta foi a re­acção do PCP ao mais re­cente re­la­tório do TdC à gestão do Novo Banco (NB), di­vul­gado na terça-feira, dia 12. No texto, a en­ti­dade ana­lisa o fi­nan­ci­a­mento pú­blico à ins­ti­tuição que subs­ti­tuiu o BES e con­clui que a gestão, li­de­rada por An­tónio Ra­malho, não sal­va­guardou o in­te­resse pú­blico porque não mi­ni­mizou o re­curso a fundos es­ta­tais.

Vendas de ac­tivos imo­bi­liá­rios (em 2018 e 2019) em que os com­pra­dores ob­ti­veram mais-va­lias iguais ou su­pe­ri­ores a 60 por cento ou riscos de con­flitos de in­te­resses em op­ções e prá­ticas de gestão, são in­di­cados como exem­plos de que o banco podia ter evi­tado so­bre­car­regar o fi­nan­ci­a­mento pú­blico.

O Es­tado e o Banco de Por­tugal (BdP) também não são pou­pados pelo TdC, com este a apontar o dedo à não sal­va­guarda do mí­nimo re­curso ao fi­nan­ci­a­mento pú­blico e à au­sência de um con­trolo eficaz.

Ora, para o PCP, tal atesta que as op­ções dos res­pon­sá­veis go­ver­na­tivos, do NB e do BdP «estão a lesar o País em mi­lhares de mi­lhões de euros».

«Desde a es­can­da­losa en­trega do Novo Banco ao fundo Lone Star, em 2017, que o PCP de­nuncia o ca­rácter per­ni­cioso do ne­gócio, a sub­missão do Go­verno por­tu­guês aos grandes grupos eco­nó­micos e às im­po­si­ções da União Eu­ro­peia. O PCP opôs-se a esse ne­gócio, exigiu a sua re­versão e de­nun­ciou a in­tenção de fa­vo­re­ci­mento do in­te­resse pri­vado sobre o in­te­resse pú­blico, aler­tando ainda para a pos­si­bi­li­dade de es­tarem a ser sa­ne­adas, com o fi­nan­ci­a­mento pú­blico, dí­vidas con­traídas du­rante o pe­ríodo pré-co­lapso do BES», de­talha-se em nota de im­prensa di­vul­gada dia 12.

De resto, no se­gui­mento de outro re­la­tório de au­di­toria ela­bo­rado pelo mesmo TdC em 2021, também este «vem de­mons­trar e rei­terar a au­sência de me­ca­nismos de con­trolo efi­cazes sobre o pro­cesso de ali­e­nação de ac­tivos a co­berto do me­ca­nismo de ca­pital con­tin­gente. Tal como o PCP de­nun­ciara desde o mo­mento da di­vul­gação do acordo de en­trega do Novo Banco à Lone Star, o ac­ci­o­nista pri­vado tudo faria para con­sumir esse ca­pital», acres­centa-se.

Mias, re­alça o Par­tido: «ao mesmo tempo, é apon­tada a pos­si­bi­li­dade de o fi­nan­ci­a­mento pú­blico se es­tender além de 2021 e re­a­fir­mada a na­tu­reza pú­blica do Fundo de Re­so­lução, bem como a con­se­quente na­tu­reza pú­blica da sua dí­vida, como desde a sua cons­ti­tuição o PCP afirma.»

«Oito anos após a apli­cação da re­so­lução ao BES, con­cre­ti­zada pelo Go­verno PSD/​CDS, e cinco anos após a en­trega do NB a um grupo pri­vado, con­cre­ti­zada pelo Go­verno PS, que os custos para o País com esta ins­ti­tuição ban­cária as­cendem a 9 mil mi­lhões de euros, sem que o Es­tado tenha uma pa­lavra a dizer nas op­ções mais ele­men­tares da sua gestão e sem que tenha in­ter­vindo, quer através do Mi­nis­tério das Fi­nanças, quer através do Banco de Por­tugal ou do Fundo de Re­so­lução, para uma gestão ao ser­viço do in­te­resse pú­blico.»

«Uma cons­ta­tação que re­força a ne­ces­si­dade de as­se­gurar o con­trolo pú­blico do NB, e a sua in­te­gração na es­fera pú­blica ban­cária, cons­ti­tuindo um novo pólo na banca pú­blica, capaz de fun­ci­onar como um ver­da­deiro banco de “fo­mento” para o apoio à eco­nomia e às PME», con­cluiu-se.




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