Deslizes, ataques e falta de princípios

Se, nos dias que correm, é fácil definir tema na hora de escrever sobre os truques mediáticos usados para atacar o PCP, mais difícil é escolher um exemplo. A propaganda de guerra está montada, mas à medida que o tempo passa os descuidos e a incompetência vão evidenciando a propaganda mascarada de informação. A recém-chegada a Portugal CNN tem sido pródiga nestes deslizes, quando apresenta flocos de neve a cair em Sumy como uma luta entre mísseis russos e baterias anti-aéreas ucranianas ou o brilhante alerta para um porta-aviões chinês que «sobrevoou os arredores de Taiwan».

Esta avalanche comunicacional terá levado uma leitora do Público a escrever ao jornal pedindo para deixar de receber as newsletters do jornal. Quem o diz é uma jornalista da casa, que dirigiu o jornal entre 2009 e 2016 (fixemos estas datas) e hoje é redactora principal na secção Mundo. Diz a jornalista que chegou à conclusão de que a leitora deve ser militante do PCP, já que a única razão para alguém o fazer é não conseguir «ver o partido fazer – semana após semana – piruetas tristes».

A opção de usar um e-mail de uma leitora do Público, visando-a para conseguir atacar o PCP, é um exercício que revela a sede em usar todas as munições para atingir quem resiste e não se rende à máquina de propaganda de guerra em que se está a transformar a cena mediática. Diz o Estatuto Editorial do Público que o jornal «é responsável apenas perante os leitores, numa relação rigorosa e transparente». Pelos vistos, tal como na Ucrânia prossegue a suspensão de partidos, também por cá a guerra leva à suspensão de princípios no Público, se não à suspensão de leitores que não pensem como os seus responsáveis.

Explica a autora da diatribe, em jeito de justificação, que «estamos no 11.º ano de guerra na Síria», mas na Ucrânia é apenas o 24.º dia. Vale a pena para aqui, puxar a fita atrás e perceber como se constrói a mentira. Se hoje são proibidos 11 partidos na Ucrânia, o Partido Comunista já tinha sido ilegalizado em 2015, quando a Ucrânia já vivia em guerra, em resultado do golpe de Estado que abriu as portas dos corredores do poder e das forças armadas a estruturas neo-nazis ucranianas. Quem o diz não é o PCP, nem foi a Federação Russa: foi o Público, numa reportagem assinada por um jornalista que partilhava com a ex-directora a secção naquele jornal – que, recorde-se, era dirigido pela própria durante todo o processo que levou ao golpe de 2014, a que se seguiu o início da guerra na região do Donbass. Mas nos dias que correm, a verdade e o rigor não são amigos da retórica belicista – e a memória ainda menos.

Mas também aqui escapou um deslize, para o final do texto, a propósito do voto contra uma moção que condenava acontecimentos que não foram confirmados (como a própria reconhece, «nada disto estava confirmado por observadores independentes»), questiona: «E mesmo que fosse falso, que risco havia?». Para o Público e os seus critérios editoriais, nenhum!

Assim é tratada a verdade em dias de guerra.



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