Misericórdias em greve no dia 4
«Perante a recusa sistemática de aumentos salariais» por parte da União das Misericórdias Portuguesas e da generalidade das instituições, a Federação Nacional de Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais convocou greve para dia 4 de Março.
Para essa tarde, foi também anunciada uma concentração no Campo Pequeno, em Lisboa, nas proximidades da sede da UMP.
A federação, como se afirma num comunicado a mobilizar para a luta, «não aceita que os trabalhadores das misericórdias estejam sujeitos a uma crescente e constante desvalorização salarial». Por esse motivo, «tem vindo sucessivamente a avançar com processos de conciliação na DGERT [Ministério do Trabalho], com o objectivo de negociar tabelas remuneratórias e outras matérias pecuniárias», mas estas negociações «têm sido infrutíferas».
As propostas apresentadas anualmente pela FNSTFPS «são liminarmente recusadas, sempre com a alegação de que os aumentos salariais ou de outras matérias pecuniárias colocam em risco a sustentabilidade das instituições». No entanto, assinala a federação, «as misericórdias têm sistematicamente encaixado nos seus cofres os aumentos anuais das comparticipações do Estado», na ordem dos 3,5 por cento, nos últimos anos.
No período «entre 2019 e 2021, as instituições do sector social tiveram apoios financeiros na ordem dos 11 por cento mais que nos anos anteriores», mas estes valores «nunca revertem para os trabalhadores», cujos salários não são actualizados desde 2015-2016.
A federação sublinha que «a política de baixos salários, colocada em prática pelos sucessivos governos e pelas misericórdias, tem como resultado que mais de metade da tabela remuneratória tenha vindo progressivamente a ser absorvida pelo salário mínimo nacional. Desta forma, estão a ser colocados «no mesmo patamar remuneratório milhares de trabalhadores, sem ter em consideração a antiguidade, a especificidade e competências profissionais».
A degradação dos salários «agrava-se no presente, com aumento dos preços dos bens essenciais».