O Partido dos explorados entre eles se rejuvenesce

Em «Contribuição para a Crítica da Economia Política», obra precursora de «O Capital», Karl Marx conclui que «não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência». Leonor e Gonçalo vêm, mais uma vez, prová-lo.

Novos militantes do PCP, aderiram ao Partido depois de se confrontarem com a exploração laboral, de sentirem «na pele», como ambos referiram em conversa com o Avante!, as condições cada vez mais penosas daqueles que são forçados a vender a força de trabalho.

Ele tem 26 anos, trabalha como operário numa empresa de transportes públicos há escassos meses e frequentou um curso de engenharia, que abandonou quando a actividade de instrutor de vela se tornou uma opção profissional válida. Simultaneamente, trabalhou como programador na Jerónimo Martins e foi ali que contactou directamente com a precariedade, dos vínculos e dos salários, com as pressões e ameaças patronais. A pandemia deixou-o e à companheira desempregados. Não fora o auxílio familiar, a sobrevivência teria sido bem mais difícil.

«Ideias de esquerda» não as assimilou em casa, porém, também ninguém o impediu de as alimentar e, durante anos, Gonçalo foi fazendo um percurso que teve resolução em Abril, quando após ler o programa e os estatutos do PCP, pesquisar posições e propostas, decidiu fazer coincidir a experiência material recente com a consciência social que havia cultivado. Tomou Partido.

Tal como Leonor, 27 anos, desempregada, a transitar de um curso de ciências médicas para um outro de ciências sociais e cujo percurso no mundo do trabalho a levou igualmente à militância, em Março deste ano. Para pagar os estudos universitários, trabalhou em colónias de férias, como operadora num centro de contacto, em cadeias de comida rápida e de vestuário, sempre paga a pataco e na corda bamba contratual, sempre observando e sentindo a dificuldade, dela e dos colegas, para organizar vida com horários e salários convenientes ao patrão.

A epidemia interrompeu o ciclo frenético casa-escola, escola-trabalho, trabalho-casa. A quebra da rotina permitiu-lhe olhar com mais atenção para o PCP, no qual já votava, e com cujos objectivos, sublinhou, sempre se identificou.

Dirigiu-se ao Partido e ali encontrou o colectivo feito de mulheres e homens dispostos a aprender na mesma medida fraterna que estão disponíveis para ensinar. Homens e mulheres que não transigem com as injustiças que a agrediam e, à semelhança de Gonçalo, também Leonor se manifesta positivamente surpreendida com a coerência das posições e propósitos, com a forma como funcionam, se organizam e intervêm os comunistas portugueses.

Leonor e Gonçalo sabem que o cerco mediático feito de ocultação e deturpação do Partido e dos seus militantes é cada vez mais apertado. Lamentam a falsa consciência e a alienação entre a sua geração. Mas não se sentem nem sós nem desmotivados. Pelo contrário, têm orgulho em contribuir para a emancipação dos explorados como eles.




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