Dia 12 há greve nacional da Administração Pública
A greve nacional da Administração Pública, marcada pela Frente Comum para 12 de Novembro, tem como reivindicações centrais a valorização dos trabalhadores (salários, direitos, carreiras) e a melhoria dos serviços públicos.
O Governo não tem mostrado abertura para valorizar devidamente os salários
No folheto de mobilização para a greve, que se encontra em distribuição em locais de trabalho de todo o País, a estrutura que congrega vários sindicatos da Administração Pública reafirma exigências há muito colocadas: o aumento geral dos salários, a dignificação das carreiras, a revogação do SIADAP, a correcção da Tabela Remuneratória Única, a eliminação da precariedade.
A Frente Comum lembra que são muitos os trabalhadores que «não vêem a sua experiência profissional reconhecida, ganhando o mesmo com 30 anos de experiência que ganhariam se acabassem de ser admitidos». O zero absoluto em que está transformada a perspectiva de evolução na carreira é um dos problemas que os sindicatos querem ver resolvidos, a par da existência de profissões e especializações que não são reconhecidas e de alguns trabalhadores terem de «aguardar» mais de 100 anos para atingir o topo da carreira.
Quanto à proposta de actualização salarial do Governo, acrescenta-se no folheto, ela «não corresponde, de forma nenhuma, à necessidade de recuperar o poder de compra perdido». Num momento em que se anuncia crescimento económico de 4,8 por cento para 2021 e 5,5 por cento no ano seguinte, a Frente Comum considera não ser aceitável que os salários se mantenham estagnados. No folheto, sublinha-se ainda a importância de «garantir uma avaliação que não sirva para castrar o direito à progressão salarial».
A Frente Comum acusa o Governo de irresponsabilidade por não valorizar «de forma clara» os trabalhadores da Administração Pública, empurrando-os desse modo para a luta. Ao pôr em prática uma política que «não altera uma vírgula à vida dos trabalhadores que asseguram o funcionamento do Estado», o Governo está «muito longe de dar resposta aos problemas estruturais que o País enfrenta».
Médicos e psicólogos
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) já emitiu um pré-aviso de greve para 12 de Novembro, juntando-se assim à paralisação nacional convocada pela Frente Comum e solidarizando-se com as suas razões.
No caso dos médicos, a FNAM reivindica condições de trabalho dignas, a renegociação do Acordo Colectivo de Trabalho e das grelhas salariais, que inclua um regime de dedicação exclusiva ao Serviço Nacional de Saúde (opcional e majorada), a valorização do trabalho em serviço de Urgência, a implementação de um estatuto de desgaste rápido, risco e penosidade acrescidos. Reclama ainda o redimensionamento da lista de utentes de médicos de família ou o direito a dois dias de descanso semanal ou a descanso compensatório em caso de trabalho num desses dias.
A FNAM apela também à participação na greve geral de médicos marcada para os dias 23, 24 e 25 em conjunto com o Sindicato Independente dos Médicos.
Também o Sindicato Nacional dos Psicólogos (SNP) apela à participação de todos os psicólogos na greve de dia 12. Para lá dos motivos gerais que presidem à convocação daquela jornada, o SNP acrescenta a urgência de resolver também um conjunto de questões específicas criadas, garante, pelo próprio Ministério da Educação.
Em causa está, nomeadamente, a situação profissional dos psicólogos que trabalham em escolas, que «exigem estabilidade na carreira e dignidade no trabalho». O SNP quer ser recebido pelo Ministério da Educação de modo a que «estas e outras questões possam ser discutidas com seriedade, com o devido respeito pelas comunidades escolares e pelo trabalho dos/as profissionais da Psicologia Escolar».