E se, em vez de responder, perguntar?

João Oliveira (Membro da Comissão Política)

Quanta força há que dar ao PCP para se avançar?

Lusa

Aumento geral dos salários, incluindo do salário mínimo, revogação da caducidade da contratação colectiva, salvação do SNS e reforço da sua capacidade de resposta, travagem dos despedimentos, combate à precariedade laboral e aos horários de trabalho selvagens, aumento geral de pensões, construção de creches e sua gratuitidade, acesso a habitação pública, travagem de aumentos de rendas e despejos, desagravamento dos impostos sobre os rendimentos mais baixos e intermédios, tributação efectiva dos lucros, tributação reforçada sobre o património e rendimentos mais elevados.

Pergunta-se: alguma destas medidas não faz falta ao País? Com elas o País fica mais ou menos justo? São ou não medidas para uma política de esquerda? A sua concretização gera alguma crise política, económica ou social? É para fazer tudo já ou há umas imediatas e outras para irem avançando?

Alargamento e reforço do subsídio de desemprego, reforma sem penalizações com 40 anos de descontos, contratação de trabalhadores para os serviços públicos e investimento na modernização de equipamentos e edifícios, valorização das carreiras profissionais e das condições de trabalho, compensação justa pelo risco das forças de segurança, valorização da ciência e dos seus profissionais, eliminação das taxas moderadoras, eliminação das propinas e reforço do financiamento do Ensino Superior, reforço da Acção Social Escolar, reforço dos apoios às artes, investimento na recuperação e valorização do património, apoio à retoma da actividade desportiva e sua massificação, revogação dos benefícios fiscais dos grupos económicos e financeiros, fim ao gasto de milhares de milhões de euros em Parcerias Público-Privadas, reforço dos meios de combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira.

Pergunta-se: com estas medidas como fica Portugal na comparação com outros países onde se vive melhor? O que é que acontece se estas medidas forem adiadas e os problemas continuarem a avolumar-se? Isso pode gerar alguma crise social, económica ou política de que a direita possa aproveitar-se?

Alargamento da oferta de transporte público e sua gratuitidade, redução do IVA da electricidade para 6%, fixação e controlo dos preços da energia e dos combustíveis, controlo público das empresas e sectores estratégicos – começando pelos CTT –, apoios às MPME, aos pequenos e médios agricultores e pescadores e à produção nacional.

Pergunta-se: Quem beneficia dessas medidas e quem pode querer impedir a sua concretização? O País fica mais ou menos capaz de se desenvolver?

Chumbo do Orçamento, eleições antecipadas e em Janeiro. Chumbo do Orçamento, caem as medidas anunciadas, venham as eleições, maioria absoluta. Maioria absoluta, maioria absoluta, maioria absoluta.

Pergunta-se: caem as medidas anunciadas? O PCP que sempre lutou por elas agora iria desistir? Se há condições para aumentar as pensões o Governo não o faz porquê? O anúncio da sua aceitação era fingido, apenas a pensar nas eleições e na maioria absoluta? É por querer eleições e maioria absoluta que não há Orçamento?

Reposição de salários, pensões e direitos cortados, manuais escolares gratuitos, 10+10+10+10+10 euros de aumentos das pensões, reposição das 35 horas de trabalho semanal e dos feriados roubados, alívio do IRS, redução do preço do passe social, reforço do abono de família, eliminação do Pagamento Especial por Conta para as MPME, acesso à reforma antecipada para os trabalhadores das pedreiras, indemnizações aos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânios por morte ou doença profissional, pagamento de salários por inteiro e renovação automática dos subsídios de desemprego durante a epidemia, criação de apoio social extraordinário para quem não tinha qualquer apoio, reposição das bolsas de criação literária, inscrição de 86 milhões de apoios directos para garantir cultura.

Pergunta-se: E quantas coisas mais propôs e conquistou o PCP? Quem travou ou limitou? Quem insiste e quem continua a travar ou limitar? Quanta força há que dar ao PCP para se avançar?




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