- Nº 2501 (2021/11/4)

E se, em vez de responder, perguntar?

Opinião

Lusa

Aumento geral dos salários, incluindo do salário mínimo, revogação da caducidade da contratação colectiva, salvação do SNS e reforço da sua capacidade de resposta, travagem dos despedimentos, combate à precariedade laboral e aos horários de trabalho selvagens, aumento geral de pensões, construção de creches e sua gratuitidade, acesso a habitação pública, travagem de aumentos de rendas e despejos, desagravamento dos impostos sobre os rendimentos mais baixos e intermédios, tributação efectiva dos lucros, tributação reforçada sobre o património e rendimentos mais elevados.

Pergunta-se: alguma destas medidas não faz falta ao País? Com elas o País fica mais ou menos justo? São ou não medidas para uma política de esquerda? A sua concretização gera alguma crise política, económica ou social? É para fazer tudo já ou há umas imediatas e outras para irem avançando?

Alargamento e reforço do subsídio de desemprego, reforma sem penalizações com 40 anos de descontos, contratação de trabalhadores para os serviços públicos e investimento na modernização de equipamentos e edifícios, valorização das carreiras profissionais e das condições de trabalho, compensação justa pelo risco das forças de segurança, valorização da ciência e dos seus profissionais, eliminação das taxas moderadoras, eliminação das propinas e reforço do financiamento do Ensino Superior, reforço da Acção Social Escolar, reforço dos apoios às artes, investimento na recuperação e valorização do património, apoio à retoma da actividade desportiva e sua massificação, revogação dos benefícios fiscais dos grupos económicos e financeiros, fim ao gasto de milhares de milhões de euros em Parcerias Público-Privadas, reforço dos meios de combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira.

Pergunta-se: com estas medidas como fica Portugal na comparação com outros países onde se vive melhor? O que é que acontece se estas medidas forem adiadas e os problemas continuarem a avolumar-se? Isso pode gerar alguma crise social, económica ou política de que a direita possa aproveitar-se?

Alargamento da oferta de transporte público e sua gratuitidade, redução do IVA da electricidade para 6%, fixação e controlo dos preços da energia e dos combustíveis, controlo público das empresas e sectores estratégicos – começando pelos CTT –, apoios às MPME, aos pequenos e médios agricultores e pescadores e à produção nacional.

Pergunta-se: Quem beneficia dessas medidas e quem pode querer impedir a sua concretização? O País fica mais ou menos capaz de se desenvolver?

Chumbo do Orçamento, eleições antecipadas e em Janeiro. Chumbo do Orçamento, caem as medidas anunciadas, venham as eleições, maioria absoluta. Maioria absoluta, maioria absoluta, maioria absoluta.

Pergunta-se: caem as medidas anunciadas? O PCP que sempre lutou por elas agora iria desistir? Se há condições para aumentar as pensões o Governo não o faz porquê? O anúncio da sua aceitação era fingido, apenas a pensar nas eleições e na maioria absoluta? É por querer eleições e maioria absoluta que não há Orçamento?

Reposição de salários, pensões e direitos cortados, manuais escolares gratuitos, 10+10+10+10+10 euros de aumentos das pensões, reposição das 35 horas de trabalho semanal e dos feriados roubados, alívio do IRS, redução do preço do passe social, reforço do abono de família, eliminação do Pagamento Especial por Conta para as MPME, acesso à reforma antecipada para os trabalhadores das pedreiras, indemnizações aos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânios por morte ou doença profissional, pagamento de salários por inteiro e renovação automática dos subsídios de desemprego durante a epidemia, criação de apoio social extraordinário para quem não tinha qualquer apoio, reposição das bolsas de criação literária, inscrição de 86 milhões de apoios directos para garantir cultura.

Pergunta-se: E quantas coisas mais propôs e conquistou o PCP? Quem travou ou limitou? Quem insiste e quem continua a travar ou limitar? Quanta força há que dar ao PCP para se avançar?


João Oliveira