Há vozes, braços e determinação para defender e cumprir Abril
No Parlamento, nas comemorações oficiais dos 47 anos do 25 de Abril, o PCP evocou os valores que dela emanam e que a Constituição consagra, realçando que são uma força motriz da luta por maior justiça social e um Portugal mais desenvolvido e soberano.
Os valores de Abril significam direitos, liberdade, democracia e progresso
«Quando hoje nos indignamos, nos levantamos contra a injustiça, a desigualdade a corrupção é porque podemos fazê-lo. Porque Abril fez-nos querer mais e ter direito a mais do que um país dominado por meia dúzia de famílias e donos, em que a política do Estado era a corrupção, a sua ocultação e a repressão dos que a denunciavam», afirmou a deputada comunista Alma Rivera, domingo passado, da tribuna da AR, na Sessão Solene comemorativa do aniversário da Revolução de Abril.
Voltando a ter restrições devido à epidemia, que cingiu a presença de convidados nas galerias praticamente só às mais altas figuras do Estado, o acto, a que assistiram também militares de Abril, decorreu sob a presidência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que fechou o período de intervenções iniciado perto de duas horas antes pelo presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, logo seguido pelas alocuções de todas as forças políticas.
A forma como as conquistas de Abril marcaram e marcam profundamente o quotidiano dos portugueses, quase seis milhões dos quais já nascidos depois de 22 de Abril de 1974, deu o mote à intervenção de Alma Rivera, que lembrou como os direitos, a liberdade e o progresso tiveram expressão concreta nos mais variados domínios, desde o «debelar do drama da mortalidade infantil e materna» à possibilidade de «cada jovem poder sonhar com o seu percurso académico, com o início da sua vida, porque não tem de ir para a guerra», do «direito ao trabalho e ao trabalho com direitos» ao direito a «fazer greve» ou ao «direito de cada trabalhador a férias e a férias pagas».
Mas Abril significou igualmente o direito de cada criança «a aprender e a brincar», o materializar dos «direitos de maternidade e paternidade», dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, dos direitos das mulheres a serem «donas de si mesmas».
Valores com futuro
Estes, entre tantos outros, são valores de Abril que «transportamos no presente e projectamos no futuro», «valores de liberdade, de democracia, de solidariedade», considerou Alma Rivera, convicta de que as mais jovens gerações, «já bisnetas dos antifascistas que deram a vida pela causa da libertação», têm muitas batalhas em comum com os seus avós, desde logo as «batalhas em defesa das conquistas de Abril e pela concretização do que ficou inacabado com a Revolução, pela defesa do regime democrático».
Concluiu, por isso, que todos aqueles que não viveram Abril «são chamados a continuá-lo e a defender os direitos com ele conquistados, a defender a saúde, a educação e a segurança social, contra a lógica do lucro e a ganância dos grandes grupos económicos». Todos eles estão convocados a continuar a luta em defesa dos «serviços públicos conquistados com Abril», a luta por «uma habitação digna», a «luta centenária pelo direito ao trabalho», por uma «mais justa distribuição da riqueza», pela elevação das condições de vida», exortou Alma Rivera, que deixou a garantia de que os jovens «não calarão que a pobreza e a miséria, a precariedade e o desemprego são inimigos dos valores de Abril».
«Quem precisa de Abril nas suas vidas, quem precisa que a Constituição e os seus direitos se cumpram, tem a força para impedir retrocessos e é com a sua voz e os seus braços que fará cumprir Abril», confiou, a finalizar, a parlamentar do PCP.