Por medidas imediatas de apoio social aos trabalhadores da Cultura

O PCP en­tregou na AR um di­ploma pro­pondo o alar­ga­mento da con­cessão do apoio so­cial aos tra­ba­lha­dores da Cul­tura. Esta ini­ci­a­tiva visa eli­minar as bar­reiras eri­gidas por cri­té­rios do Go­verno que têm ex­cluído muitos tra­ba­lha­dores da­queles apoios.



Cen­tenas de tra­ba­lha­dores viram-se ex­cluídos dos apoios so­ciais

In­cluir toda a gente que pre­cisa de aceder às pres­ta­ções, con­tra­ri­ando as re­cusas in­jus­ti­fi­cadas das en­ti­dades aos pe­didos, eis o sen­tido geral das re­co­men­da­ções ao Go­verno pro­postas no pro­jecto de re­so­lução do PCP (ver caixa), for­ma­li­zado no mesmo dia, 21, em que a de­pu­tada co­mu­nista Ana Mes­quita levou o as­sunto a ple­nário, em de­cla­ração po­lí­tica em nome da sua ban­cada. Foi a opor­tu­ni­dade para trazer de novo para pri­meiro plano as di­fi­cul­dades por que passam os tra­ba­lha­dores da Cul­tura e re­clamar mais acção do Exe­cu­tivo no apoio a estes.

Es­tima-se que o quadro ad­verso e de pri­va­ções que o sector atra­vessa venha a pro­longar-se até ao Verão do pró­ximo ano, pelo que é exi­gível que sejam to­madas me­didas con­sen­tâ­neas com a sua gra­vi­dade, disse a par­la­mentar do PCP, ad­ver­tindo que «a cul­tura não aguenta este abre e fecha, con­fina e li­mita ho­rá­rios».

Res­posta essa que até agora está longe de sa­tis­fazer as ne­ces­si­dades, na me­dida em que muitos apoios mais não são do que «anún­cios re­a­nun­ci­ados su­ces­si­va­mente», além de que há pro­blemas con­cretos a ca­recer de re­so­lução. É o caso das cen­tenas de pes­soas que fi­caram de fora dos apoios so­ciais da Cul­tura, no valor de um In­de­xante dos Apoios So­ciais (438,81 euros) atri­buído aos tra­ba­lha­dores su­jeitos a re­cibo verde. «No pas­sado dia 16 de Abril, vá­rios can­di­datos ao apoio ex­tra­or­di­nário re­ce­beram a res­posta aos seus pe­didos por cor­reio elec­tró­nico», e, «à se­me­lhança do PEES, muitos foram os pe­didos in­va­li­dados, sem qual­quer jus­ti­fi­cação, ha­vendo vá­rias pes­soas que con­ti­nuam sem res­posta», de­ta­lhou Ana Mes­quita, la­men­tando que pe­rante a in­sis­tência de es­cla­re­ci­mento de muitos re­que­rentes a in­for­mação dos ser­viços ofi­ciais para a não va­li­dação dos seus pe­didos tenha sido o in­cum­pri­mento dos re­qui­sitos.

Opa­ci­dade

Ex­pli­cação que é vi­va­mente con­tes­tada pelos re­que­rentes - a es­ma­ga­dora mai­oria que viu o apoio re­cu­sado diz cum­prir os re­qui­sitos em causa» - e que levou a de­pu­tada do PCP a dizer não com­pre­ender a «falta de trans­pa­rência e de in­for­mação nas res­postas dadas a quem está a viver em muitos casos uma si­tu­ação na fron­teira do li­mite».

A esta si­tu­ação im­porta juntar ainda outro facto: o alar­ga­mento de cri­té­rios anun­ci­ados pelo Go­verno, em al­te­ração à Por­taria que de­finiu quem seria abran­gido pelos apoios, «não res­ponde ainda a muitos tra­ba­lha­dores». Mais, frisou Ana Mes­quita, «não per­mite o acesso de muitos que nem se­quer se can­di­da­taram por sa­berem que o crivo seria de­ma­siado fino para deixar passar a sua can­di­da­tura».

Muitas ra­zões, pois, fun­da­men­tadas e justas, para as pro­postas pre­co­ni­zadas pelo PCP. A per­gunta que fica – foi ainda Ana Mes­quita a fazê-la – é como vo­tarão os par­tidos que ainda re­cen­te­mente in­vi­a­bi­li­zaram, pelo voto contra (PS) ou pela abs­tenção (PSD, CDS e IL) , o pro­jecto de lei co­mu­nista (n.º 669/​XIV/​2) que dava res­posta a muitos dos pro­blemas na con­cessão dos apoios à Cul­tura que estão hoje co­lo­cados.

 

Sub­fi­nan­ci­a­mento cró­nico

A questão do sub­fi­nan­ci­a­mento da Cul­tura veio também à baila no de­bate, com Ana Mes­quita, em res­posta às ques­tões que lhe foram co­lo­cadas por de­pu­tados de ou­tras ban­cadas, a con­si­derar que este é um «pro­blema cró­nico a mon­tante», ge­rador de «enorme pre­ca­ri­e­dade e ins­ta­bi­li­dade».

E por en­tender que os tra­ba­lha­dores têm o di­reito ao «tra­balho com di­reitos, a uma car­reira con­tri­bu­tiva digna, ao acesso às pres­ta­ções so­ciais, a es­ta­bi­li­dade no em­prego», e que a «ac­ti­vi­dade ar­tís­tica, téc­nico-ar­tís­tica ou cul­tural» é de­ter­mi­nante para con­cre­tizar o «di­reito cons­ti­tu­ci­onal de todos à Cul­tura», é que o PCP re­jeita que os apoios ao sector sejam en­ca­rados como uma «acção de ca­ri­dade». Do que se trata é do «res­peito a que a Cul­tura tem di­reito en­quanto pilar que é da de­mo­cracia e que tem de ser sal­va­guar­dado», su­bli­nhou a de­pu­tada co­mu­nista, que exigiu do Go­verno essa res­posta - e no ime­diato -, uma vez que não só «tem as fer­ra­mentas para isso» como passa a dispor desse outro con­junto de so­lu­ções que está ver­tido no di­ploma co­mu­nista agora apre­sen­tado.

 

So­lu­ções justas

O alar­ga­mento tem­poral da aber­tura de ac­ti­vi­dade nas Fi­nanças para efeitos de con­cessão do apoio so­cial da Cul­tura a todos os que, desde Ja­neiro de 2019 e até ao pre­sente, te­nham em algum mo­mento tido ac­ti­vi­dade aberta como tra­ba­lha­dores in­de­pen­dentes, cons­titui uma das re­co­men­da­ções ao Go­verno pro­postas pelo PCP e su­ma­ri­adas por Ana Mes­quita na sua in­ter­venção.

A in­clusão de cri­té­rios com­ple­men­tares para con­tem­plar tra­ba­lha­dores da área da Cul­tura que têm fi­cado ex­cluídos é outra me­dida pre­co­ni­zada no di­ploma, que prevê também uma nova fase de can­di­da­tura para abranger os pro­fis­si­o­nais antes con­si­de­rados não ele­gí­veis e que, por isso, não se can­di­da­taram.

No di­ploma su­gere-se ainda, entre ou­tras me­didas, a con­cessão do apoio res­pei­tante a todos os meses que os pro­fis­si­o­nais re­ce­be­riam se in­cluídos, de­vi­da­mente, na cor­recção de cri­té­rios, bem como a pe­ri­o­di­ci­dade mensal do apoio en­quanto se man­ti­verem em vigor as me­didas que con­di­ci­onem for­te­mente ou im­peçam to­tal­mente o re­gresso à ac­ti­vi­dade.



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