CGTP-IN afirma no cinquentenário raízes e confiança no futuro

DEBATE O debate «CGTP-IN das raízes à actualidade Sindicalismo do presente para o futuro» inseriu-se nas comemorações dos 50 anos da CGTP-IN, iniciadas em 2019 e que terminam em Outubro próximo.

Na história foram forjados os princípios estruturantes da Intersindical

«Iniciativa da maior importância para marcar o presente, valorizando e aprendendo com o passado que nos trouxe até aqui e projectando-o no futuro da nossa intervenção» – como destacou a Secretária-geral da confederação, Isabel Camarinha, no encerramento –, o debate decorreu no dia 16, na Casa do Alentejo, com transmissão directa nos canais da CGTP-IN na Internet (https://youtu.be/4b3t914WuX4).

Abriu os trabalhos e dirigiu a sessão da manhã Luís Dupont, da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN. Na mesa estiveram também a Secretária-geral e os antigos dirigentes que iriam intervir. Destes, Carlos Trindade, não podendo estar presente, enviou uma breve saudação.

Este primeiro painel teve como tema «Das raízes à actualidade do sindicalismo».

Com o tema «Fundação, fascismo, 25 de Abril», a primeira intervenção foi de Daniel Cabrita, que em 1968 foi eleito presidente do Sindicato dos Bancários de Lisboa. Presidiu nesta qualidade à primeira reunião da Intersindical, em Outubro de 1970. De 1976 até 2008, assessorou a Comissão Executiva da CGTP-IN.

A intervenção de Deolinda Machado teve por tema o envolvimento de outros sectores da sociedade, no exemplo da luta contra o trabalho infantil. Trabalhadora têxtil e professora, presidente da Confederação Nacional da Acção sobre o Trabalho Infantil (1993-1998), dirigente da Liga Operária Católica, Deolinda Machado teve intervenção nos sindicatos dos têxteis e dos professores e foi eleita para o Conselho Nacional da CGTP-IN no 9.º Congresso da central, em 1999, integrando a sua Comissão Executiva até 2020.

Sobre o Congresso de Todos os Sindicatos e a unidade, falou José Ernesto Cartaxo. Activista sindical desde antes do 25 de Abril, foi delegado sindical e membro da Comissão de Trabalhadores da MEC, entre 1973 e 1975, quando foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa. Integrou a comissão organizadora do Congresso de Todos os Sindicatos, realizado em Janeiro de 1977. Desde então e em sucessivos congressos, foi eleito para o Conselho Nacional da CGTP-IN e a sua Comissão Executiva, até ao 11.º Congresso, em 2008.

Do público, intervieram Valter Lóios, Libério Domingues (coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa), José Correia (presidente do STAL), Teresa Carvalho (da Inter-Reformados), Mário Nogueira (Secretário-geral da Fenprof), Paulo Mourato (coordenador do Sinapsa) e João Barreiros.

Em vários momentos foram recordados os Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical, edição com três volumes, publicados em 2011 (das Raízes até 1977), em 2016 (de 1977 a 1989) e em 29 de Outubro de 2020 (de 1990 a 2003), este já no âmbito das comemorações do cinquentenário.

A segunda sessão foi moderada por Isabel Tavares, da Comissão Executiva, com a mesa constituída por Isabel Camarinha e pelos membros daquele organismo Joaquim Mesquita, Sebastião Santana, Filipe Marques e Fernando Gomes, oradores iniciais neste painel, dedicado ao tema «Sindicalismo do presente para o futuro».

Filipe Marques falou sobre os pilares centrais da organização sindical de classe. Sobre o surto epidémico e o Serviço Nacional de Saúde, mas também as correntes de opinião, interveio Fernando Gomes. Joaquim Mesquita abordou «a luta ideológica e a comunicação social». Sobre o papel do Estado, as funções sociais do Estado e a Administração Pública, interveio Sebastião Santana.

De entre o público, tomaram a palavra Filipa Costa (coordenadora do CESP, que lembrou os 50 anos passados, dia 15, sobre a manifestação dos caixeiros, em Lisboa), Hélder Pires (Fiequimetal), José Carlos Martins (presidente do SEP), Tiago Oliveira (coordenador da União dos Sindicatos do Porto), Andrea Araújo (Comissão Executiva) e Dinis Lourenço (Interjovem).

 

«Estará à altura!»

«O passo dado, no dia 1 de Outubro de 1970, de convocar uma reunião com cerca de duas dezenas de sindicatos, para a defesa da contratação colectiva, do horário de trabalho, a exigência da liberdade de reunião e o fim da censura, foi o culminar de um longo processo de resistência e de luta, de recuos e de conquistas, que o movimento operário e todos os trabalhadores desenvolveram, mesmo perante a perseguição, a repressão e a tortura» durante o fascismo, afirmou Isabel Camarinha.
Nestes 50 anos, assinalou a Secretária-geral da CGTP-IN, os trabalhadores realizaram «milhares de lutas que levaram à conquista de direitos, como as 40 horas de trabalho semanal, e ao aumento de salários, que permitiram erradicar o trabalho infantil e defender as funções sociais do Estado e os muitos direitos e conquistas de Abril, consagrados na Constituição, na lei e na contratação colectiva».
«A força e influência da CGTP-IN resultam da profunda ligação aos trabalhadores e aos locais de trabalho, alicerçam-se na natureza de classe, a partir da qual emanam os nossos princípios fundamentais», sendo estes «um elemento de confiança para os desafios com que os trabalhadores, o povo e o País se debatem».
Hoje, «a natureza do capitalismo não se alterou, mantêm-se e agravam-se, mesmo, os seus traços mais negativos para os trabalhadores e os povos». Para Isabel Camarinha, estes «são tempos desafiantes, mas estamos certos de que a CGTP-IN estará à altura da necessária resposta».

 



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