Laura Serra deixa exemplo de «verticalidade e firmeza»
ÓBITO Camaradas, amigos e familiares despediram-se na sexta-feira, 19, de Laura Serra, cuja vida e militância comunista é exemplo de entrega ao ideal revolucionário, à luta pela liberdade e a democracia.
Nunca regateou tarefas e responsabilidades
Laura dos Santos Correia Serra faleceu dia 16, informou o Secretariado do PCP, que em nota divulgada a 17, lembrou que aquela «resistente antifascista e militante comunista», nascida a «14 de Outubro de 1924, em Lisboa, no bairro da Ajuda», no seio de «uma família operária, muito jovem iniciou a sua vida de trabalho com a profissão de costureira».
«Aderiu ao PCP e passou a funcionária do Partido em 1947, com Jaime Serra, seu companheiro, e com a sua primeira filha, tendo assumido responsabilidades até 1958 em casas clandestinas. Entre 1958 e 1960 teve trabalho de organização como responsável de células de empresa no sector têxtil, no Norte do País.».
«A seguir ao 25 de Abril assumiu tarefas no âmbito dos serviços de extinção da PIDE. Desempenhou, posteriormente, tarefas na Organização Regional de Setúbal, na Organização Regional da Beira Litoral e tarefas centrais, nomeadamente no Gabinete Central de Organização», lembrou ainda o organismo executivo do Comité Central, antes de destacar que «o percurso de Laura Serra é o de alguém que abraçou a causa da luta do Partido Comunista Português nas circunstâncias mais rigorosas, com a dedicação mais profunda, com opções muito difíceis», deixando-nos, por isso, «um testemunho que é exemplo para as novas gerações de comunistas».
Nas cerimónias fúnebres, José Capucho, do Secretariado do Partido, dirigiu as primeiras palavras «ao nosso camarada Jaime Serra, seu companheiro de vida e de luta, aos seus filhos – Maria Armanda, Olga, Ana Maria e José Serra, aos seus netos e bisnetos e a todos os outros membros da família».
De resto, em nome da família, Ana Maria Serra também proferiu palavras de gratidão na despedida de Laura Serra, recordando o «sorriso onde transparecia o grande amor com que te entregavas à vida, à família e à causa mais nobre a que alguém se pode dedicar».
Antes, José Capucho salientou que a «dimensão pessoal e familiar» e a militância de Laura Serra «constituem uma honra para o nosso Partido», e detalhando-o seu percurso enquanto quadro comunista e as agruras vividas na clandestinidade, designadamente a separação dos filhos e a prisão, frisou que, «sempre afável e de grande doçura, Laura nunca regateou tarefas e responsabilidades, com a consciência da importância que têm mesmo as mais singelas».
«Camarada discreta, dedicada, fraterna, deixa-nos como legado o seu exemplo de verticalidade e firmeza de carácter, o amor aos filhos e à família, o interesse pelo ser humano, o sentido do dever de lutar contra a exploração e as desigualdades, pela felicidade de todos», afirmou ainda o dirigente comunista.