Concursos e delírios

A pro­pó­sito do cen­te­nário do PCP muito se es­creveu e disse, mas na fúria an­ti­co­mu­nista para de­ne­grir os 100 anos de his­tória he­róica de luta houve quem não tenha tido pejo em re­correr à men­tira e à al­dra­bice gros­seira para atacar o Par­tido e quem lhe de­dicou vidas in­teiras.

Para que a men­tira não passe em branco, co­me­cemos pelo Ex­presso e suas in­ven­ções a pro­pó­sito do livro 100 anos de luta. A partir de uma lista de nomes que as­su­miram pa­péis e res­pon­sa­bi­li­dades di­versas na his­tória do Par­tido, de­nun­ciou um su­posto «apagão» que «re­tira crí­ticos». Foi-se a ver e al­guns dos re­fe­ren­ci­ados constam mesmo do livro, como o pró­prio jornal re­fere na mesma pá­gina. Num texto on­line, da mesma au­toria, chega-se ao ponto de in­ventar or­ga­nismos par­ti­dá­rios para elevar a gra­vi­dade do «apagão» que afinal nunca existiu. Acres­cente-se a esta uma outra in­venção, no Ob­ser­vador, de sete «es­que­cidos» dos pri­meiros anos da his­tória do PCP. Como é pos­sível falar em es­que­ci­mento de fi­guras como Bento Gon­çalves ou Mi­litão Ri­beiro, cuja me­mória do seu con­tri­buto he­róico na luta contra o fas­cismo per­ma­nece porque o seu Par­tido nunca a deixou es­quecer, como mais uma vez se com­provou.

Outra ten­tação a que muitos não re­sis­tiram foi a de tratar o cen­te­nário do PCP fa­zendo todos os es­forços para não dar voz ao PCP nem a quem nele mi­lita. Foi assim nos vá­rios de­bates te­le­vi­sivos, com a pre­sença de jor­na­listas ou his­to­ri­a­dores, in­cluindo co­nhe­cidos mem­bros de ou­tros par­tidos, mas não de co­mu­nistas. Nem nos 100 anos do PCP a ex­clusão dos co­mu­nistas nos es­paços de co­men­tário dos ecrãs de te­le­visão deixa de ser a regra.

Foram al­guns destes – per­so­na­li­dades e ór­gãos de co­mu­ni­cação – que também re­cu­pe­raram in­si­nu­a­ções em torno de um dito «se­cre­tismo» en­vol­vendo o ar­quivo his­tó­rico do PCP. Basta olhar para o enorme acervo de pu­bli­ca­ções clan­des­tinas dis­po­ní­veis a todos na pá­gina do PCP na in­ternet e aos muitos ele­mentos his­tó­ricos ce­didos pelo PCP e usados em vá­rios tra­ba­lhos me­diá­ticos em torno do cen­te­nário para des­mentir o «se­cre­tismo».

Ainda que com ex­cep­ções que se devem as­si­nalar, a ver­dade é que, in­ca­pazes de des­mentir o papel e in­ter­venção do PCP na vida e na his­tória deste País, o que pre­do­minou foi a in­tenção de ca­ri­ca­turá-la e re­duzi-la a uma soma de in­ven­tadas dis­sen­sões e sec­ta­rismos, acom­pa­nhada do ené­simo pal­pite pre­mo­ni­tório sobre um de­clínio que há 100 anos os seus ini­migos de classe vêm va­ti­ci­nando.

Por fim, as­si­na­lemos o gro­tesco. Face à cam­panha an­ti­co­mu­nista mo­vida a pro­pó­sito da pre­sença de ban­deiras do PCP por todo o País – com epi­só­dios cri­mi­nosos de van­da­lismo e in­ci­ta­mento ao ódio fas­ci­zante contra o PCP –, a opção da man­chete do jornal i re­vela ao ser­viço de que agendas e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios está: «Co­reia do Norte na Ave­nida da Li­ber­dade ou festa da li­ber­dade?» Não que­rendo ficar para trás neste cam­pe­o­nato, as­si­nale-se ainda o con­curso pelo tí­tulo de an­ti­co­mu­nista-mor em curso nas co­lunas de opi­nião, com des­taque para o Ob­ser­vador.

Os de­ci­sores me­diá­ticos não pu­deram apagar que o mais jovem par­tido por­tu­guês fez cem anos, por isso ten­taram es­conder o mais im­por­tante: que mantém mais pro­jecto que me­mória.



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