A «mordaça» do reaccionário «manholas»

Carlos Gonçalves

Cavaco, paradigma do «chefe» reaccionário, anacrónico, ressabiado e «manholas» (alcunha de Salazar), com manhas recorrentes e gastas, voltou à treta da «democracia amordaçada». Criticou o Governo pelas «técnicas» da política de direita, que ele próprio instituiu em vinte anos de primeiro-ministro e PR, para controlar o aparelho de Estado, a Justiça, os média, etc. – traficando e impondo a PSD, CDS e PS os boys do capital financeiro.

Cínico e revanchista (re)propõe agora a agenda de retrocesso social e democrático («nunca tem dúvidas e raramente se engana»), e não perdoa a quem lhe diminua o «brilho», mesmo ao PR Sousa, como fez no passado ao seu PSD que quase afundou por ganância. De Cavaco se disse então ser «capaz de matar a mãe para ir ao baile do orfanato».

Hoje, para travar novas convergências PS/PSD, no essencial, agora e no projecto do PR Sousa, ou com o CDS e sucedâneos, importa lembrar os caminhos de Cavaco, dos mais reaccionários da política de direita e que perduram no programa do PSD – destruição da produção nacional, concentração monopolista, revisão da CRP (com Cavaco foi em 1989 e 1992), degradação da democracia, repressão de direitos e liberdades (contra os utentes da ponte 25 de Abril em 1994), mordaça na Justiça, protecção da corrupção, hipoteca da soberania, mais exploração e empobrecimento dos trabalhadores, do povo e do País.

E lembrar apenas alguns dos seus «companheiros»: Duarte Lima, Dias Loureiro, Oliveira e Costa (BPN), Ricardo Salgado (BES), Marques Mendes, Leonor Beleza, Passos Coelho, Santana Lopes, Rui Rio, velhos amigos de financiamentos, negócios, casas de férias, politiquices e intrigas várias.

Fica assim, para memória futura dos putativos convergentes, o projecto efectivo de Cavaco e do PSD para uma democracia amordaçada.




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