O País sonhado constrói-se na luta

Gonçalo Oliveira (Membro da Comissão Política)

As dificuldades que os trabalhadores e o povo português atravessam, a crise social e económica que se desenvolve a passos largos, as desigualdades e injustiças sociais que se avolumam, não são resultado de uma pandemia.

É possível, e está nas mãos dos trabalhadores e do povo, a construção de um Portugal com futuro

São, sim, resultado das opções e políticas de direita que, baseadas nos dogmas do capitalismo e do neoliberalismo, têm servido a estratégia assente na destruição dos direitos e conquistas sociais adquiridos com a Revolução de Abril.

Portugal não está condenado a assistir ao definhamento do seu aparelho produtivo, ao agravamento dos seus défices estruturais e à perpetuação de uma economia assente em baixos salários. Essa é a consequência das políticas e opções impostas pela União Europeia e pelo grande capital.

Trabalhadores, pensionistas, produtores agrícolas e micro, pequenos e médios empresários, não estão condenados a uma política que viola frontalmente os seus direitos ao mesmo tempo que fomenta a acumulação da riqueza nas mãos dos principais grupos económicos e financeiros. Esse é o resultado da subordinação do poder político ao poder económico, da degradação do regime democrático e do seu afastamento do projecto político progressista saído da Revolução de Abril e posteriormente consagrado na Constituição da República Portuguesa.

Não estamos condenados a nada disto.

Nenhuma das tendências negativas para os trabalhadores e para o povo português actualmente em curso são uma fatalidade, porque há capacidade de luta naqueles que sofrem as consequências da exploração e das políticas de direita.

Há alternativa

Há também uma alternativa política de que o País precisa e que o PCP preconiza: a valorização do trabalho e dos trabalhadores; a defesa dos sectores produtivos e da produção nacional; uma administração e serviços públicos ao serviço do País; a democratização e promoção do acesso ao desporto, à cultura e à defesa do património cultural; a defesa do meio ambiente, do ordenamento do território e a promoção de um efectivo desenvolvimento regional; a defesa do regime democrático de Abril e o cumprimento da Constituição da República; a efectiva subordinação do poder económico ao poder político; a afirmação de um Portugal livre e soberano e de uma Europa de paz e cooperação.

São estes os eixos fundamentais da ruptura com a política de direita que o PCP afirma como indispensáveis a um Portugal de progresso, soberano e desenvolvido.

Num momento em que grande parte da população portuguesa está confrontada diariamente com discursos fatalistas ou oportunistas, o PCP afirma perante as massas: «é assim que as coisas são e é isto que precisa de ser feito.» É esse o dever e a responsabilidade dos comunistas.

O futuro na mão

É neste contexto que as comemorações do Centenário do PCP são uma inequívoca afirmação de confiança, num País de progresso, com mais justiça social, soberano e independente.

Celebramos a história e património de luta do PCP, ao mesmo tempo que reafirmamos a convicção dos comunistas portugueses de que é possível, e está nas mãos dos trabalhadores e do povo, a construção de um Portugal com futuro.

Aos trabalhadores, ao povo e ao País, o PCP apresenta um caminho e um rumo alternativos para a política nacional.

Está nas mãos dos trabalhadores e do povo contribuir para a sua construção, pela sua participação, pela sua luta, pelo seu apoio ao PCP, mantendo a confiança na possibilidade de construir uma sociedade mais justa e não desistindo do sonho e da luta por um País de progresso e bem-estar.



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