Resposta firme a mais exploração em grandes empresas

CONFRONTO Os trabalhadores dos CTT, da EDP, da Navigator e da ANA são chamados pelos sindicatos da CGTP-IN à unidade e à resistência contra os ataques patronais aos seus direitos e rendimentos.

Eliminar carreiras profissionais impede a justa evolução salarial

Independentemente dos efeitos da epidemia nas contas das quatro empresas, é comum às suas administrações o objectivo de negar aos trabalhadores milhões de euros que pretendem entregar aos accionistas.

No dia 9, os representantes da administração da ANA Aeroportos de Portugal (Grupo Vinci) colocaram na mesa negocial a denúncia do Acordo de Empresa, tencionando eliminar as carreiras profissionais, substituindo-as por prémios.
Ao revelarem esta informação, num comunicado conjunto emitido dia 12, os sindicatos Sindav, Sintac, Sitava/CGTP-IN e SQAC concluíram que «fica cada vez mais claro que o que a ANA quer, à boleia da COVID-19, é atacar o Acordo de Empresa», embora este seja «o mesmo AE que permitiu à empresa acumular quase 1200 milhões de euros de lucros em meia dúzia de anos».
Numa empresa que «durante décadas foi um farol de direitos, dignidade no trabalho e respeito pelos trabalhadores, factos que permitiram à ANA crescer e aumentar resultados positivos ano após ano», a administração «parece querer adoptar práticas laborais “low cost”», acusam os sindicatos.
«Alertamos todos os trabalhadores para a necessidade de unidade em torno das suas organizações sindicais, que será determinante para a defesa dos direitos hoje consagrados no nosso Acordo de Empresa», sublinha-se no comunicado.

Também se foca nas carreiras profissionais o ataque patronal nas empresas do Grupo The Navigator Company, recusando corrigir injustiças no Plano de Carreiras Profissionais imposto em 2010.
As organizações representativas dos trabalhadores, em comunicados de dias 14 e 17, vieram responder à comunicação «tendenciosa» da administração e reiterar a vontade de alcançarem «um acordo final global sobre o novo Plano de Carreiras Profissionais, para que este possa ser, para todos os trabalhadores, um verdadeiro instrumento de reconhecimento e valorização».
Numa nota publicada pela Fiequimetal/CGTP-IN, a acompanhar a divulgação dos comunicados das ORT, explica-se que, «apesar da robustez dos resultados obtidos ao longo dos anos, a administração pretende aumentar ainda mais a rentabilidade e os lucros».
Neste grupo, «a geração dos trabalhadores vindos da Soporcel e da Portucel está a dar lugar, a passos largos, à geração das Papers e Pulps», sendo que, «para os senhores da administração, os trabalhadores da Soporcel e Portucel são uns privilegiados e não têm motivos para reivindicar», enquanto «os trabalhadores das Papers e Pulps terão de se conformar com a ideia de que jamais alcançarão os salários e regalias daqueles seus colegas».
«Como já estão hoje garantidos custos de trabalho (salários) muito mais baixos, o objectivo patronal é garantir uma estabilização desses custos para o futuro», motivo por que «os patrões da Navigator querem manter os critérios que provocaram a estagnação da carreira dos trabalhadores da Soporcel e Portucel e que, além disso, têm sido um travão na evolução dos novos trabalhadores».
Para as ORT (federação, sindicatos, comissões sindicais e comissões de trabalhadores), «é fundamental a resistência e oposição dos trabalhadores a estes objectivos patronais».

 

Zero por cento... ou pouco mais

A administração dos CTT Correios de Portugal negou qualquer aumento salarial em 2020, fechando-se nesta posição até à fase de conciliação, em 19 de Novembro. Um mês depois, nove sindicatos (entre os quais o SNTCT e o Sinttav, filiados na CGTP-IN), formalizaram uma proposta comum, para actualização salarial em 2021.
A 18 de Fevereiro, na terceira reunião de negociações, a administração evoluiu… para 0,5 por cento!
Para os sindicatos, isto «é escandaloso». A nova proposta dos CTT equivale a mais 16 cêntimos por dia, protestaram os sindicatos, num comunicado de dia 19, frisando que «o valor anual do aumento agora proposto, para cerca de dez mil trabalhadores, é quase igual ao que um único administrador recebe por ano de remuneração e prémios».

Passado um mês de reuniões semanais de negociação salarial, a administração do Grupo EDP mantém a recusa de qualquer aumento. Zero por cento tem sido a «vergonhosa» contraproposta patronal à reivindicação de mais 90 euros no salário de cada trabalhador.
A comissão negociadora sindical liderada pela Fiequimetal fundamentou esta exigência na necessidade de valorização do trabalho e dos trabalhadores e recordou que a EDP apropria-se de cerca de 86 por cento do Valor Acrescentado Bruto gerado pelos trabalhadores. Isto porque «um trabalhador da EDP gera, em média anual, para a empresa, um valor acrescentado superior a 381 mil euros», mas «a EDP paga em média um valor de 53,6 mil euros por trabalhador, já com todos os benefícios incluídos».
Num comunicado após a reunião de dia 10, apela-se à participação dos trabalhadores nas reuniões e plenários, para «discutir as medidas a tomar para contestar e rejeitar esta postura inaceitável da administração».
De igual forma, salientaram a federação e os seus sindicatos na eléctrica, a participação na jornada de luta da CGTP-IN, dia 25, também representará uma forma de pressão junto da administração.

 



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