Continuam nos EUA manifestações contra o racismo, a violência, a pobreza

Na cidade de Kenosha, no Estado de Wisconsin, registaram-se na semana passada, ao longo de vários dias, protestos contra o racismo e a brutalidade policial, depois de um cidadão negro norte-americano, Jacob Blake, ter sido atingido nas costas, com vários tiros, por um polícia, no dia 23. Blake sobreviveu e está internado nos cuidados intensivos de um hospital em Milwaukee.

O acto, considerado como «uso excessivo de força», motivou a mobilização de milhares de pessoas em Kenosha e noutras localidades norte-americanas. Num desses protestos, que decorreu no sábado, 29, defronte do tribunal de Kenosha, centenas de pessoas condenaram a violência policial e exigiram mudanças. O pai de Blake interveio e apelou a que se mude um sistema que «fomenta a brutalidade policial e a desigualdade racial».

O presidente Donald Trump anunciou, entretanto, que visitaria Kenosha – urbe com 100 mil habitantes – e outras localidades do Wisconsin para «reunir-se com as forças da ordem e avaliar os prejuízos dos distúrbios». Mais de 10 mil efectivos da Guarda Nacional foram enviados para a zona, com ordens para reprimir os participantes nos protestos.

Também em Portland, no Estado de Oregon, houve incidentes entre manifestantes convocados pelo movimento Black Lives Matter e partidários de Trump, durante os quais um homem foi morto.

O presidente dirigiu diversos ataques e insultos contra o alcaide de Portland, o democrata Ted Wheeler, escrevendo no Twitter que as tensões na cidade exigem a intervenção de forças federais e resultam da «incompetência» do autarca.

Quatro desafios

O filho mais velho do reverendo Martin Luther King chamou a atenção para quatro grandes desafios que prevalecem na actualidade nos Estados Unidos da América.

Intervindo numa marcha realizada em Washington DC, a 28 de Agosto, a favor de justiça racial nos EUA, Martin Luther King III recordou o legado de seu pai, prestigiado lutador pelos direitos civis, no dia em que se completaram 57 anos do seu famoso discurso Eu tenho um sonho.

«Estamos a manifestar-nos para superar o que o meu pai chamou os triplos males da pobreza, do racismo e da violência. E, hoje, esses males exacerbaram quatro grandes desafios que o nosso país enfrenta na actualidade», afirmou, perante uma multidão junto ao Monumento a Lincoln, na capital.

Um desses desafios, disse o activista, é a pandemia de COVID-19, que, tragicamente, matou mais de 175 mil norte-americanos e afecta de maneira desproporcionada as comunidades negras e latinas. Referiu-se também ao tema do desemprego, quando mais de 30 milhões de norte-americanos estão sem trabalho, algo que afecta mais «as pessoas de cor», indicando que a crise sanitária evidenciou as desigualdades económicas «que mantêm demasiadas pessoas presas nas dívidas e na pobreza».

King mencionou além disso a brutalidade policial e a violência com armas de fogo e recordou que a mobilização do dia 28 incluiu famílias da comunidade negra que foram assassinados pela polícia, entre eles, e ultimamente, George Floyd, Breonna Taylor e Ric Garner.

O quarto desafio a que fez alusão foi o direito ao voto, instando os participantes na manifestação a defendê-lo, por tratar-se de algo que se conquistou «com sangue dos linchados para tentar exercer os seus direitos constitucionais». Apelou aos manifestantes a votar nas eleições de Novembro próximo «como se as nossas vidas e os nossos meios de subsistência, as nossas liberdades, dependessem disso – porque é assim mesmo».

Na sua intervenção, King III manifestou que este é o momento para todos os norte-americanos apoiarem os seus compatriotas negros face à injustiça e para exigirem que os EUA cumpram a promessa de liberdade e justiça para todos.




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