Trabalhadores da Super Bock resistem aos despedimentos

DI­REITOS Os tra­ba­lha­dores daSuper Bock e suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas estão de­ter­mi­nados em re­sistir ao des­pe­di­mento anun­ciado pela ad­mi­nis­tração, en­vol­vendo 10 por cento da força de tra­balho da em­presa.

A Super Bock dis­tri­buiu di­vi­dendos em Abril e quer agora des­pedir

«Firme opo­sição aos ata­ques, de­cla­ra­da­mente ide­o­ló­gicos e pre­da­tó­rios, sobre o di­reito ao tra­balho e à es­ta­bi­li­dade eco­nó­mica; exi­gência de me­lhores sa­lá­rios, em linha com a pro­dução de ri­queza dos úl­timos anos, ga­ran­tindo a sua mais justa dis­tri­buição; cum­pri­mento in­te­gral, ime­diato e uni­versal do ACT [Acordo Co­lec­tivo de Tra­balho] Super Bock» – é com base nestes prin­cí­pios que as Or­ga­ni­za­ções Re­pre­sen­ta­tivas dos Tra­ba­lha­dores (ORT) da Super Bock abor­darão a res­posta aos anun­ci­ados des­pe­di­mentos, con­cluiu-se na reu­nião das ORT re­a­li­zada no dia 7, com a pre­sença so­li­dária da Se­cre­tária-geral da CGTP-IN.

A re­a­li­zação da reu­nião res­pondeu à de­cisão do ple­nário de 23 de Junho, que man­datou as ORT «para to­mada de de­ci­sões que in­cidam na de­fesa dos di­reitos con­sa­grados em Con­tra­tação Co­le­tiva e não cum­pridos, bem como para a de­núncia pú­blica da total falta de en­qua­dra­mento» da de­cisão da Super Bock, con­si­de­rada «pre­ci­pi­tada, ir­res­pon­sável e pe­na­li­za­dora».

Para as ORT, está-se pe­rante «um cruel, e al­ta­mente con­de­nável, apro­vei­ta­mento do im­pacto emo­ci­onal que a pan­demia acen­tuou na opi­nião pú­blica». Os ór­gãos de gestão da em­presa, acres­centam, «con­si­deram normal manter a dis­tri­buição de lu­cros obs­cenos pelos ac­ci­o­nistas en­quanto des­pedem pes­soas, a pre­texto da pan­demia».

Esta ideia foi su­bli­nhada por Isabel Ca­ma­rinha, que no local prestou de­cla­ra­ções aos jor­na­listas pre­sentes. Lem­brando os ele­vados lu­cros acu­mu­lados pela em­presa nos úl­timos anos e a dis­tri­buição de di­vi­dendos pelos ac­ci­o­nistas no pas­sado mês de Abril, já du­rante o surto epi­dé­mico, a Se­cre­tária-geral da CGTP-IN de­nun­ciou a ati­tude das grandes em­presas, que ao invés de con­tri­buírem para que o País ul­tra­passe esta si­tu­ação, apro­veitam-se dela para in­ten­si­ficar a ex­plo­ração.

Lei­turas e «contra-ofen­sivas»
No co­mu­ni­cado con­junto da Co­missão de Tra­ba­lha­dores, do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da In­dús­tria e Co­mércio de Ali­men­tação, Be­bidas e Afins e do Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da Agri­cul­tura e das In­dús­trias da Ali­men­tação, Be­bidas e Ta­bacos de Por­tugal, di­vul­gado após a reu­nião, con­si­dera-se «ané­mico e cla­ra­mente in­su­fi­ci­ente» o ac­tual quadro de efec­tivos a la­borar na em­presa. Este facto, re­sul­tante dos «cortes cegos e ir­res­pon­sá­veis» le­vados a cabo nas an­te­ri­ores «re­es­tru­tu­ra­ções», fica evi­dente no re­curso ex­ces­sivo à mão-de-obra sub­con­tra­tada, à ex­ter­na­li­zação de ser­viços, ao tra­balho tem­po­rário e ao tra­balho su­ple­mentar em ní­veis «des­pu­do­ra­da­mente acima do que é legal».

As ORT des­tacam ainda a «boa lei­tura» que os tra­ba­lha­dores fazem da «in­qua­li­fi­cável pos­tura da em­presa», não es­tando dis­po­ní­veis para se per­derem em dis­cus­sões se­cun­dá­rias. E va­lo­rizam o «cres­ci­mento de uma força po­de­ro­sís­sima que re­sulta da união entre os tra­ba­lha­dores, ho­mens e mu­lheres, novos e ve­lhos, ope­rá­rios e ad­mi­nis­tra­tivos, todos juntos e sem dis­trac­ções, em contra-ofen­siva e firme acção rei­vin­di­ca­tiva».

 



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