No sector dos transportes abusa-se do lay-off
O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) contesta o anúncio feito pela Barraqueiro Transportes de que pretende accionar o mecanismo de lay-off a 770 trabalhadores já a partir de 1 de Agosto e durante nove meses.
O grupo detido por Humberto Pedrosa já informou os trabalhadores da sua intenção de colocar 170 com suspensão de contrato e 600 com redução de horário, procurando assim reduzir salários e passar a maior parte dos encargos com pessoal para a Segurança Social. Em causa estão empresas como a Barraqueiro Transportes, Barraqueiro Alugueres, Boa Viagem, Esevel, Estremadura, Frota Azul e Mafrense.
O STRUP contesta o anúncio do grupo Barraqueiro Transportes desde logo por este se encontrar já hoje, e até final do mês, em regime de lay-off simplificado, o que o impede de accionar o mecanismo previsto no Código de Trabalho. Além disso, acrescenta o sindicato, nos últimos anos as empresas do grupo Barraqueiro acumularam lucros e impuseram salários baixos e jornadas de trabalho de 10, 12 ou mais horas. Agora, «ao primeiro sinal de crise», alegam prejuízos e recorrem a apoios públicos.
O STRUP defende uma «forte intervenção do Estado neste sector, com a criação de uma empresa como já existiu até 1992 (a RN - Rodoviária Nacional), que foi vendida ao desbarato, dividida por diversas empresas, que hoje se concentram, no essencial, nos mesmos grupos que estão a ser suportados pelo Estado».
No dia 8, dezenas de activistas sindicais das empresas do grupo Rodoviária do Tejo concentraram-se na sede da empresa em Torres Novas a exigir o fim do lay-off, com a retoma da actividade da empresa e a reposição da oferta de serviço público a que estas empresas estão obrigadas.
O lay-off simplificado, denunciam os activistas sindicais, serve sobretudo os interesses dos accionistas das empresas, prejudicando os salários dos trabalhadores e a própria Segurança Social. Tal posição patronal só é possível com o apoio do Governo que, no âmbito da pandemia, «cedeu aos interesses patronais, impondo sacrifícios aos trabalhadores e às populações», realça a Fectrans/CGTP-IN.