Ao País, o primeiro manifesto do PCP

Formado a 6 de Março de 1921, o Partido Comunista Português editou o seu primeiro manifesto no mês de Julho desse mesmo ano. Intitulado Ao País, expõe pela primeira vez, publicamente, a natureza de classe e os objectivos supremos do PCP, que se mantêm nas suas linhas fundamentais.

Não apresentando, ainda, um «completo e definitivo programa político-económico ao país», o manifesto apontava alguns dos «pontos de vista» do jovem partido: a «socialização integral das terras, das minas, das fábricas e oficinas e dos meios de circulação e consumo»; «um racional e scientífico [sic] aproveitamento de todas as riquezas naturais do país»; a modificação da «estrutura política da nação, abolindo a república burguesa, dos capitalistas, dos financeiros e dos patrões e instaurar a república comunista, do povo, dos operários e dos trabalhadores».

O primeiro documento público do PCP respondia ainda àquele que era, naquele momento, um assunto quente no seio do movimento operário português, ainda fortemente dominado pelas tendências anarquistas: a questão da intervenção política da classe operária: «Esta nova modalidade política, ou melhor, esta nova táctica revolucionária, obedece à imperiosa necessidade que temos de tomar novas posições e usarmos novos processos de ataque e defesa contra o inimigo, que constantemente muda também de posições e de processos de combate para atacar-nos.»

Fundado por «militantes do movimento operário e revolucionário do país, com um passado cheio de lutas e sacrifícios em prol da causa sacrossanta dos trabalhadores», o novo partido resultava precisamente da compreensão de que a organização sindical «não se basta a si própria», pois os sindicatos «podem influenciar a Revolução, mas nunca poderão lançá-la e muito menos ainda defendê-la eficazmente». Daí se concluía pela «incontestável e imperiosa necessidade dum organismo político para esses fins», realçava-se no manifesto.

Quanto ao posicionamento do Partido no País e no mundo, é logo afirmado nas primeiras linhas, quando se saúda «todos os trabalhadores, intelectuais e manuais, como as únicas forças vivas e produtivas capazes de uma produção e enérgica reconstrução social da sociedade portuguesa», o proletariado internacional e os partidos comunistas de todo o mundo.

Longe de imaginarem o alcance que este seu gesto teria, os fundadores e primeiros dirigentes do PCP lançaram os alicerces de uma obra ímpar, que marcaria (e transformaria) impressivamente a realidade portuguesa, e não só. Que perdura hoje, quase um século depois, e se manifesta nas lutas por avanços na satisfação das mais urgentes e sentidas reivindicações e necessidades dos trabalhadores, do povo e do País, pela ruptura com a política de direita e a alternativa patriótica e de esquerda, parte integrante da luta por uma democracia avançada, vinculada aos valores de Abril, pelo socialismo e o comunismo.




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