Não há dinheiro para quem?
Invariavelmente, quando se coloca a questão da necessidade do aumento dos salários, a vozearia da ideologia dominante responde que se está a pedir o impossível, pelo simples facto de que falta o dinheiro. «Não há dinheiro», dizem com a mesma desfaçatez com que o fascismo declarava que «Portugal é um País naturalmente pobre» para justificar a sua política de brutal exploração e concentração da riqueza que deixava o povo na pobreza e na miséria.
O Tribunal de Contas no Parecer sobre a Conta Geral do Estado referente a 2018 recentemente divulgado refere que, entre 2008 e 2018, o Estado injectou um total de 25,5 mil milhões de euros na banca.
Em termos líquidos, tendo presentes os 7,2 mil milhões de euros devolvidos, os fluxos para o sector financeiro atingiram 18,3 mil milhões de euros.
As «ajudas» para tapar os buracos da corrupção e especulação na banca, como se sabe, começaram em 2008 com a crise financeira e a nacionalização seguida de reprivatização do BPN, banco cuja factura já vai em quase 5 mil milhões de euros. Seguiram-se os casos de diversos outros bancos (BES/Novo Banco, BPI, BCP, BANIF, BPP…) com responsabilidades repartidas pelos governos (maioritários e minoritários) do PS, PSD e CDS.
Ou seja, não há dinheiro para aumento de salários e pensões, para as creches gratuitas, para o investimento público, para a valorização dos serviços públicos, para a valorização do aparelho produtivo. Mas há dinheiro, rios de dinheiro, para acudir aos interesses do grande capital.
Bem podem querer continuar a lançar poeira para o ar a ver se confundem e desmobilizam da luta os trabalhadores e o povo. Como sublinha o PCP, a questão tem a ver com as opções que os governos do PS, PSD e CDS têm assumido a favor do grande capital e que têm privado o País dos recursos necessários ao seu desenvolvimento com justiça social.
Afinal, não há dinheiro para quem?