A «vendetta» do Big Brother

Carlos Gonçalves

Setenta anos depois do paradoxal «1984» de G. Orwell (que se fez «bufo» anticomunista), o Big Brother (grande irmão) tornou-se uma realidade descomunal. A sua ficcionada «teletela» (televisão bidireccional), que controlava a informação e garantia o poder, é hoje um mero vislumbre do mega-sistema tecnológico do controlo imperialista de todos e de tudo o que comunica no planeta.

O sistema de vigilância e informação integra centenas de agências de espionagem dos USA, anglo-saxónicas e «aliadas», com comando unificado da National Security Agency (NSA), que com cem mil funcionários(!) à escala mundial, monitoriza em tempo real biliões (milhões de milhões) de comunicações simples ou encriptadas, pessoais e de Estado – radio, televisão, telefone, redes fixas e móveis, satélites, internet, redes sociais, etc..

A imaterialidade da Net e os oligopólios que a dominam – Amazon, Microsoft, Google, Facebook, Apple, – e exploram os dados pessoais de boa parte do mundo, numa fusão total de interesses com a NSA, mais a tecnologia dos satélites Echelon de 4.ª geração, tornaram o Big Brother omnipresente e tendencialmente omnisciente.

Snowden, Manning e Assange, que serviram o Big Brother, documentaram objectivamente a natureza, dimensão e horror do sistema de espionagem dos USA, contra o Mundo, os seus cidadãos, «aliados» e «inimigos», e desnudaram, sem apelo, os seus crimes, guerras e genocídios de domínio imperialista e não de «combate ao terrorismo».

Os USA compraram agora a prisão de Assange com a decisão do FMI para «ajudar» o Equador. É a «vendetta» do Big Brother para impor o silenciamento dos seus crimes, aprofundar a ofensiva imperialista e reverter o declínio da sua hegemonia mundial. Mas é a luta dos trabalhadores e dos povos que acabará por vencer.




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