As confissões e o poder
Com o aproximar das eleições eles lá se vão confessando. Carlos César, presidente do PS, afirmou em Portalegre que «esta foi uma legislatura trabalhosa» (…) «tivemos de trabalhar muito penosamente com aqueles que nos diziam apoiar». Das duas uma: ou Carlos César andou iludido relativamente ao posicionamento político do PCP ou então está a confessar que o PCP tem razão.
Se não sabe, e andava iludido, fica a saber que o PCP nunca apoiou o Governo minoritário do PS. O PCP interveio na Assembleia da República com a sua força, e em articulação com a luta do povo português, para forçar um conjunto de medidas que só foram possíveis porque o PS não teve maioria absoluta e porque o PCP tem a força que tem. Ao referir que esse processo foi «penoso», Carlos César reconhece aquilo que o PCP afirma: se o PS tivesse tido as mãos totalmente livres para levar a cabo o seu programa não teriam sido concretizadas muitas das medidas que resultaram da proposta, insistência, persistência e luta do PCP. Pode ter sido penoso para Carlos César e para o PS, mas foi bom para os portugueses e Portugal. Elucidativa contradição…
Já Rui Rio, entrincheirado na sua própria sobrevivência política, optou por regressar ao passado e aponta como objectivo do PSD afastar o PCP da «esfera do poder» para que «possamos fazer as reformas necessárias». Repete assim a tese de Cavaco Silva do «arco do poder» afirmada quando PSD e CDS pretendiam levar o retrocesso social e económico pelo menos até 2030. Pois bem, foi o PCP que travou Cavaco, Passos e Cristas e que trocou as voltas aos seus projectos de «reformas estruturais». A Rui Rio agradecemos a confissão dos seus objectivos e o reconhecimento do papel do PCP em lhe travar o passo. Ao PS e ao PSD garantimos que tudo faremos para continuar a defender as condições de vida dos trabalhadores e do povo, por mais penoso ou incómodo que lhes seja. É dessa forma que usaremos sempre o poder que temos… e que nos é atribuído pelo povo.