Greve na Administração Pública evidenciou determinação na luta

SALÁRIOS Os trabalhadores da Administração Pública mostraram, com a sua forte adesão à greve de dia 15, que estão dispostos a prosseguir a luta contra roubos nas progressões e mais um ano sem aumentos.

Se o Governo persiste, «não vamos desistir de lutar até às eleições»

Convocada pelos sindicatos da Frente Comum, na sua maioria filiados na CGTP-IN, a greve nacional da Administração Pública, na passada sexta-feira, ganhou especial impacto nos sectores da Educação, da Saúde e da Administração Local, mas fez-se sentir igualmente noutras áreas, como a Justiça, as Finanças ou a Cultura.
Numa conferência de imprensa, ao final da manhã de dia 15, a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos declarou que a adesão à greve terá alcançado, em média nacional, um nível superior a 80 por cento. Ana Avoila realçou que houve distritos com todas as escolas paradas e com adesão total na Saúde, assegurando serviços mínimos. Em todo o País foi muito forte a participação dos trabalhadores das autarquias locais.
«Esta greve está a dar um sinal de que os trabalhadores estão muito descontentes», disse Ana Avoila, citada pela agência Lusa, notando que «foram estes trabalhadores que ajudaram a derrubar o governo PSD/CDS, que fez uma política desastrosa para a Administração Pública», e garantindo que «não vamos desistir de lutar até às eleições».
Poucas horas antes, junto à Escola Básica Manuel da Maia, em Lisboa, também o Secretário-geral da CGTP-IN destacara a greve como um indicador de «grande descontentamento e indignação», devido à «não actualização dos salários de cerca de 600 mil trabalhadores pelo décimo ano consecutivo», «carreiras bloqueadas na maior parte dos casos», «progressões longe do desejável e a falta de resposta para a admissão de mais trabalhadores».
Arménio Carlos criticou ainda a persistência de «situações de precariedade», referindo que naquela escola «contratam trabalhadores por três horas e meia para desenvolver uma actividade que é permanente». Lembrou que a luta dos trabalhadores tem também como objectivo melhorar os serviços públicos.
Devido à «obsessão pelo défice», o Governo foi lesto a disponibilizar mais de mil milhões de euros para o Novo Banco, mas arrasta a negociação e insiste em retirar tempo de serviço aos professores, aos enfermeiros, aos técnicos de diagnóstico, aos funcionários judiciais e outros, criticou.
Com salários congelados desde 2009, a reivindicação da abertura de negociações salariais para 2019 foi a exigência comum que se destacou, com forte crítica dos dirigentes sindicais à forma como o Governo decidiu e anunciou que, com a fixação do salário mínimo nacional em 600 euros, o nível remuneratório mais baixo na Administração Pública passa a ser o 4.º da Tabela Remuneratória Única, que permanece inalterada.
A par das situações desiguais criadas com esta decisão – decretando uma remuneração mínima de 635,07 euros apenas na Administração Pública, e mesmo aqui deixando muitos trabalhadores a auferir valores inferiores –, a Frente Comum não aceita que 600 mil trabalhadores não tenham qualquer aumento salarial pelo décimo ano consecutivo.

PCP presente

Para lá do empenho de muitos militantes comunistas no quadro das organizações sindicais, delegações do PCP e da CDU estiveram junto de alguns piquetes de greve a reafirmar a solidariedade com a luta dos trabalhadores.
João Dias Coelho, membro da Comissão Política do Comité Central do Partido, António Filipe, membro do CC e deputado na AR, e Miguel Madeira, do CC, estiveram nas oficinas dos SIMAR (Loures e Odivelas), no Juncal.
João Ferreira, membro do Comité Central, deputado no Parlamento Europeu e primeiro candidato na lista da CDU para as eleições de 26 de Maio, esteve de manhã na Escola Básica Eugénio dos Santos, em Lisboa.

 



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