Concentração na refinaria de Sines mostrou força e unidade na luta
GREVE Na manhã de dia 14, os trabalhadores da Petrogal e da CMN/Martifer mostraram que estão unidos e determinados a manter a luta em defesa dos direitos e para que estes sejam aplicados a todos.
Não há falta de dinheiro, mas o ataque aos direitos não abranda
Em greve desde 2 de Janeiro e até ao final de Fevereiro, depois de terem realizado sete dias de paralisação em Dezembro, os trabalhadores da Petrogal na refinaria de Sines realizaram na quinta-feira da semana passada uma muito participada concentração, junto à portaria principal do complexo industrial.
A este protesto (que agora assume outros contornos na refinaria do Porto) juntaram-se também os trabalhadores que asseguram a manutenção da instalação, área atribuída em subcontratação a um consórcio da Martifer com a CMN.
A administração da Petrogal mantém a sua posição irredutível e no dia da concentração, como estava decidido, foi apresentado o pré-aviso que prolonga a greve em Sines até ao fim de Março.
Na Petrogal (principal empresa do Grupo Galp Energia), os trabalhadores defendem o acordo de empresa, contra a imposição da caducidade com a conivência de governos do PS, PSD e CDS. Uns e outros têm emitido despachos que limitam o exercício do direito de greve nas refinarias. Em vez de respeitar decisões judiciais favoráveis aos trabalhadores e respeitar os direitos, a administração recusa negociar e desencadeia manobras repressivas e intimidatórias.
Na CMN/Martifer, apesar de alguns ganhos já conquistados este ano, os trabalhadores reclamam aumentos salariais em 2019 e insistem em exigir que os seus vínculos de trabalho sejam assumidos directamente pela Petrogal.
As reivindicações são perfeitamente comportáveis, como comprovaram os resultados de 2018, anunciados dia 11. A Galp Energia bateu os recordes de lucros, com 741 milhões de euros (mais 24% que em 2017), e oferece aos accionistas 74% deste valor (mais 15% que em 2018). Em perdas de exportações, a greve em Sines representou já 36 milhões de euros.
Solidariedade
Paula Santos, do Comité Central do PCP e deputada na Assembleia da República, esteve na concentração e falou aos trabalhadores, para expressar solidariedade à sua luta.
Num breve depoimento, recordou as propostas do PCP que, se não fossem reprovadas na AR por PS, PSD e CDS, resolveriam em grande medida os problemas que motivam o descontentamento e a luta na refinaria. Destacou a alteração da legislação laboral, para pôr fim à chantagem patronal com a caducidade da contratação colectiva, e também para combater a precariedade e acabar com a desregulação dos horários de trabalho.
Condenou a atitude intimidatória e provocatória da Petrogal, ao levantar um processo disciplinar a um trabalhador em greve – caso que na AR motivou uma pergunta do PCP ao Governo, exigindo o respeito pelo direito à greve.
Estímulo, apoio e solidariedade foram igualmente manifestados por Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN, dirigentes da Fiequimetal, da União dos Sindicatos de Lisboa, do SITE Sul e da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, bem como pelo presidente da CM de Alcácer do Sal, Álvaro Beijinha.