Eleições na maior economia africana

Carlos Lopes Pereira

Se tudo correr bem, realizam-se no próximo sábado, 23, eleições gerais na Nigéria, considerada a maior economia africana.

Marcado inicialmente para o dia 16, o escrutínio foi adiado por uma semana, cinco horas antes do início da votação, pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) nigeriana.

«Após examinar minuciosamente a logística e os planos operacionais para celebrar umas eleições livres, justas e seguras», a comissão concluiu que era impossível cumprir o prazo previsto, explicou na altura o presidente da CENI, Mahmood Yakubu. Prometeu resolver os problemas logísticos e técnicos pendentes e assegurou a «alta qualidade das eleições».

O país mais populoso do continente africano, com mais de 180 milhões de habitantes, e principal exportador de petróleo da África subsaariana, a Nigéria vive complexos problemas económicos e sociais, com altas taxas de pobreza e desemprego, sobretudo entre os jovens. No plano da segurança, o governo de Abuja enfrenta desde há anos, sem êxito, no Nordeste, o grupo radical islâmico Boko Haram, que intensificou nos últimos meses as acções armadas contra alvos militares e civis.

Nestas eleições, 84 milhões de eleitores vão escolher o presidente e o vice-presidente da República e os deputados do parlamento nacional. Para Março está marcada a eleição de governadores dos 36 estados da federação.

Entre os 72 candidatos presidenciais, a imprensa nigeriana aponta como favoritos o actual chefe do Estado, general Muhammadu Buhari, e Atiku Abubakar, empresário multimilionário, que já exerceu o cargo de vice-presidente (1999-2007) e vai tentar pela quarta vez chegar à presidência.

Buhari, de 76 anos, e o seu vice-presidente, Yemi Osinbajo, mais novo e de perfil tecnocrático, eleitos em 2015, agora candidatos a um segundo mandato, respeitam a regra não escrita na Nigéria que manda que o poder seja exercido alternadamente por políticos do Norte, maioritariamente muçulmano, e do Sul, de predominância cristã. Buhari é nortenho, fula, e Osinbajo, da etnia yoruba, é um cristão evangelista do Sul.

Os seus rivais, numa eleição de resultados imprevisíveis, são Atiku Abubakar, de 72 anos, e Peter Obi, de 57 anos, especialista de assuntos económicos, candidato a vice-presidente. Dono de uma «fortuna colossal», Abubakar é considerado um liberal, com ligações aos Estados Unidos. Na cidade de Yola, fundou a Universidade Americana da Nigéria.

Durante a campanha, Buhari, do Congresso de Todos os Progressistas, partido maioritário, não negou as insuficiências do seu mandato. Ainda assim, pediu aos compatriotas que valorizem os «progressos importantes» alcançados pela sua governação e que lhe dêem a possibilidade de completar a obra no plano económico e em matérias como a luta contra a corrupção e a segurança.

Abubakar, apoiado pelo Partido Democrático Popular, na oposição, considera um «desastre» o mandato de Buhari, acusa-o de ter falhado na segurança e na economia e classifica as suas políticas anti-corrupção de «caça às bruxas contra os opositores».

Seja como for, notam alguns observadores, os nigerianos, 60 por cento dos quais têm menos de 25 anos, vão provavelmente escolher nas urnas um presidente septuagenário.




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