Entre a tralha e o trilho
Ficou na memoria, anos atrás, a propósito de um governo socialista a expressão de “tralha”, associada ao então primeiro-ministro, invocada como algo de que o partido que suportava esse governo se deveria libertar.
Vendo ou lendo hoje o que por aí se diz, a partir de dentro do próprio PSD, se percebe que no mar de casos mal explicados e fraternas facadas o afã é grande nessa hercúlea tarefa de aliviar tralha presente e passada. Carreiras, destacada figura do PSD, veio a terreiro prevenir que «se Rio mantiver o trilho» duvida que «o PSD ganhe eleições». No diagnóstico a que se dedica, Carreiras não disfarça a sua nostálgica saudade dos tempos da troika, Passos e Portas. O mal de Rio seria, o que em si mesmo só se explica por fértil imaginação, ter descolado do legado do Governo PSD/CDS, essa cruzada recente contra direitos, pensões de reforma e salários. Atalhos e trilhos requerem sempre cautela redobrada. Até porque, estilos à parte, só vão ao engano, com as manobras de branqueamento ou falsos posicionamentos, os mais distraídos. O PSD, com ou sem Rio, representa o que se conhece quanto ao objectivos e compromisso de classe com o capital monopolista. Mesmo que Carreiras, mais ou menos pateticamente, clame por um 25 de Novembro no seu partido, ainda que seja na forma de «manifesto».