Erradicar a violência

Margarida Botelho

No dia 25 de Novembro assinalou-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Apesar de o tema do dia ser a violência em geral, o discurso mediático tem-se centrado na violência doméstica. A denúncia desta realidade é sempre útil. É uma terrível forma de violência, seja física ou psicológica, que afecta de forma dramática, às vezes definitiva, não só as mulheres vítimas directas, mas famílias inteiras, incluindo crianças. De acordo com os dados oficiais, este ano já foram assassinadas 24 mulheres em crimes tipificados como de violência doméstica.

Mas a descrição do problema não basta. É preciso que se encarem de frente as causas. É preciso que se discutam e apliquem medidas para apoiar as mulheres nas decisões necessárias para que se rompa o ciclo de violência, para que deixem de ser vítimas e possam dar um rumo novo e livre ás suas vidas. E essas medidas têm de ser muito concretas e urgentes, para proteger as vítimas, garantir a independência económica, a recuperação psicológica.

Focar a violência contra as mulheres apenas naquela de que são alvo dentro na família é redutor e não permite tomar as medidas mais amplas que alterem o quadro geral da discriminação. As mulheres são as principais vítimas de muitos outros tipos de violência, de que a prostituição e o tráfico de seres humanos talvez sejam as expressões mais abjectas. Reduzir a denúncia e a discussão a essa realidade pode dar a sensação, ilusória, de que tudo se resume à esfera individual, quando há retrocessos no plano das mentalidades e dos direitos, o trabalho das mulheres é desvalorizado, a precariedade e os baixos salários aumentam as tensões e os conflitos na família. A vitória da luta contra a violência sobre as mulheres nas suas múltiplas formas é indissociável da efectivação dos direitos das mulheres, na lei e na vida.




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