Museu da Resistência nasceu da acção dos democratas
O alcance da petição travou a concessão da Fortaleza
A Casa do Alentejo acolheu anteontem uma iniciativa de ex-presos políticos evocativa do 2.º aniversário do lançamento da petição contra a concessão a privados do Forte de Peniche para fins hoteleiros.
Na sessão, à qual se associou a URAP, recordou-se que a persistência de muitos antifascistas e democratas conduziu à criação na antiga prisão política de Peniche do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade. A primeira intervenção da tarde foi de José Pedro Soares, ex-preso político, membro da URAP e primeiro subscritor da petição, que saudou os combatentes antifascistas e considerou o abandono da concessão a privados e a garantia de construção do museu uma «primeira vitória», fruto da mobilização e acção de ex-presos políticos, antifascistas e democratas.
José Pedro Soares sublinhou ainda o significado da petição que, tendo recolhido cerca de dez mil assinaturas, foi discutida na Assembleia da República, que aprovou uma recomendação ao Governo em defesa do Forte de Peniche e da memória da resistência. De então até hoje foram já vários os avanços verificados para a concretização do museu.
Em seguida, Domingos Lobo realçou a importância da resistência antifascista para o fim da ditadura e sublinhou o valor do livro «Forte de Peniche – Memória, Resistência e Luta», publicado pela URAP e que constitui um testemunho e uma forma urgente e necessária de transmitir a história daqueles que lutaram para transformar a vida. O Forte de Peniche, acrescentou, é um símbolo maior desse período da história nacional, que deve ser preservado como espaço permanente da memória.
Foram ainda lidas duas mensagens: da delegação da URAP que está de visita às prisões de Angra do Heroísmo e do historiador e ex-preso político António Borges Coelho, que enviou um poema escrito quando se encontrava preso em Peniche. Seguiu-se uma iniciativa cultural de poesia cantada e musicada por Francisco Naia e José Caria, tendo a sessão fechado ao som das canções de Manuel Freire. No final foi aprovada uma moção sobre a concretização da criação do Museu, que tem inauguração de núcleos significativos prevista para 27 de Abril.