Acampamento pela Paz a partir de amanhã em Serpa
JUVENTUDE Serpa acolhe, entre amanhã e domingo, o Acampamento pela Paz, promovido pela Plataforma pela Paz e o Desarmamento, que agrupa dezenas de organizações juvenis ou com acção junto da juventude.
São esperadas centenas de jovens em Serpa
Depois de em edições anteriores passar por Avis, Silves e Évora, o Acampamento pela Paz ruma este ano ao concelho raiano de Serpa, na margem esquerda do Guadiana, terra de tradições democráticas e revolucionárias. Para além da piscina, disponível para os participantes, consta do programa do acampamento diversas actividades lúdicas, culturais e desportivas.
Entre estas actividades, destaca-se a caminhada nocturna pela antiga rota do contrabando, junto à fronteira com Espanha, torneios desportivos, uma aula de Judo, jogos de estratégia e um curso breve de primeiros socorros. A noite de sábado vai ter música, com a banda Innuendo, um trio argentino e um grupo de Cante Alentejano, seguindo-se o tradicional convívio no parque de campismo. O desfile pela paz e o debate sobre a luta pelo desarmamento compõem o programa.
A Plataforma pela Paz e o Desarmamento, que promove o acampamento do próximo fim-de-semana, foi constituída no início do ano e apresentada publicamente em Fevereiro, numa iniciativa realizada na centenária colectividade lisboeta A Voz do Operário. Aos movimentos e organizações que a constituíram desde o início foram-se juntando outros, das mais variadas áreas de intervenção social.
Princípios mobilizadores
No Apelo à Juventude então divulgado, e que norteia desde o início a actividade da Plataforma, realça-se que «toda e qualquer noção de progresso e ideia de futuro para a humanidade tem de estar sustentada na ideia de paz». Para garantir desenvolvimento e justiça social, educação pública e para todos, emprego com direitos, cultura e desporto, é necessário, destaca-se, «garantir que o militarismo e a guerra deixam de ser uma realidade».
O Apelo sublinha ainda que a juventude «luta contra as armas nucleares e pelo desarmamento» e defende princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e na Constituição da República Portuguesa, como o desarmamento, a resolução pacífica de conflitos, a não-ingerência ou o respeito pela soberania dos países. «Queremos um mundo de paz e não abdicamos do direito a viver e ser felizes no nosso país», acrescenta-se.
Desarma a bomba é exigência da juventude
O Acampamento pela Paz está longe de ser a única iniciativa de âmbito nacional desenvolvida este ano junto da juventude. A Associação Projecto Ruído, uma das organizações juvenis que integra a Plataforma pela Paz e o Desarmamento – que, como ela própria se assume, é composta por «jovens que não se resignam e aumentam o ruído: jovens juntos pela cultura, pelo ambiente, pelo desporto, pela qualidade de vida» – levou a cabo em todo o País a campanha Desarma a Bomba, Pelo fim das Armas Nucleares, Já!.
Esta campanha, que teve expressão sobretudo junto a escolas, politécnicos e faculdades, locais de trabalho e iniciativas com elevada concentração juvenil, incidiu na denúncia dos efeitos da utilização de armamento atómico e dos riscos actuais para a paz e também na exigência de pôr fim a este tipo de armamento de destruição generalizada. No âmbito desta campanha foram recolhidas muitas assinaturas para a petição do CPPC que reclamava a adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares.
Como reconhecimento pelo papel desempenhado por esta campanha no extraordinário alcance que esta petição atingiu, as mais de 13 mil assinaturas recolhidas foram entregues na Assembleia da República por uma delegação que incluía um elemento da Associação Projecto Ruído.