Equívocos e vaidades

Carlos Gonçalves

Os congressos dos partidos da política de direita reflectem as limitações da sua natureza de classe. De facto são comícios-espectáculo bianuais, que não questionam e pouco discutem a realidade.

Neste 22.º Congresso do PS foi isso que aconteceu. O Congresso fugiu à substância de questões importantes e aplaudiu. A concentração inaceitável da riqueza, os juros insustentáveis da dívida, os critérios absurdos do défice, que têm impedido a resolução dos problemas nacionais, continuam, mas quase sem discussão.

A verdade perde por falta de comparência. Apesar da correlação de forças que permitiria avançar, o PS está no equívoco da «quadratura do círculo», sem solução na vida real, em que será impossível avançar em direitos, desenvolvimento e soberania e, ao mesmo tempo, continuar submisso às imposições do grande capital e da UE.

Foi sem apurar conclusões que o Congresso apontou o equívoco da «autonomia tática», acordos «ora à esquerda ora à direita», o que significa que, no mais fundamental, PS, PSD e CDS vão votar juntos.

E o Congresso aplaudiu a vaidade pelos avanços destes dois anos e meio, quando a verdade é que, mesmo insuficientes, resultam do PS não ter maioria, porque a luta e a intervenção do PCP os impuseram, muitas vezes contra a vontade do PS. E, no futuro, a mesma questão se coloca.

São muitos os equívocos e vaidades a esclarecer. E é preciso dizer que as novas gerações não querem namoros interesseiros do PS, mas sim que se combata a precariedade e a exploração e se resolva os problemas nacionais.

O Congresso do PS pede mais esclarecimento, levar tão longe quanto possível as conquistas neste quadro político e lutar por uma nova política, patriótica e de esquerda para Portugal.




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