A questão é transformá-lo!
Desta vez foi a insuspeita Cáritas a afirmá-lo com clareza no relatório «Os jovens na Europa precisam de um futuro».
Os jovens trabalhadores estão entre os grupos de jovens em risco de pobreza em Portugal. Não são apenas os desempregados, flagelo que em 2016 atingia ainda 28,2% dos jovens, nem os estudantes, a braços com as dificuldades das famílias para cobrir as despesas escolares. Ter um trabalho não garante imunidade para este problema.
Sabendo que os jovens trabalhadores viram os seus salários reduzir-se em 31% no período da crise, ou que a percentagem de indivíduos com um rendimento mensal inferior a 700 euros passou de 20 para 29% entre 2009 e 2014, ou que o rendimento médio de uma pessoa com licenciatura é de apenas 20% acima do salário mínimo nacional, percebe-se por que razão, entre 2012 e 2015, o risco de pobreza neste grupo aumentou de 7,4% para 10%.
Igualmente clara é a denúncia de que os programas da União Europeia anunciados para promover o emprego têm sido usados para fazer baixar os salários. Estabelecendo valores baixos para o pagamento de estágios ou de programas de ocupação, e fomentando que os jovens se perpetuem nessas situações precárias, a UE e os governos nacionais permitem que se estabeleça uma bitola de baixos valores a pagar pelo trabalho juvenil.
Pior, dizemos nós. O capital ganha por dois carrinhos. Não apenas faz baixar o valor dos salários, fazendo chantagem sobre os trabalhadores mais velhos, como ganha muito trabalho à borla.
Assim, continuamos nós a dizer, se percorre os caminhos do agravamento da exploração, transferindo riqueza directamente do bolso dos trabalhadores para os patrões. Por acção do capital e dos seus representantes nas instituições. Ora isso tem um nome: Capitalismo.
Para esta conclusão e para a necessidade de lutar contra isso, vai ser ainda preciso ganhar todos os que reconhecem a verdade das afirmações deste estudo.
Até porque, como diria Marx, muitos têm interpretado o mundo. A questão é transformá-lo.