Guerra de Espanha em debate no Algarve
EVOCAÇÃO O arquivo municipal Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António, acolheu a sessão evocativa do PCP da Guerra de Espanha (1936-39), na qual participou Domingos Abrantes.
As democracias ocidentais abandonaram a República espanhola
Promovida pela Comissão Concelhia do PCP, a sessão contou com a presença de mais de 40 pessoas, que a enriqueceram com questões e opiniões acerca desse importante acontecimento da história contemporânea, que em cidades fronteiriças como Vila Real de Santo António permanece vivo na memória colectiva da população.
Há 80 anos, eram muitos os habitantes da vila algarvia que estavam a trabalhar em Espanha e que, perante o desencadeamento do golpe militar fascista e o início dos combates, se alistaram no exército republicano. Muitos pagaram um alto preço por este apego à liberdade. De um destes, António Bandeira Cabrita, falou um dos oradores da sessão, José Cruz, que lhe destacou o perfil de juventude, a deportação para Timor, na sequência de uma rebelião contra Salazar em 1931, o alistamento nas Brigadas Internacionais e a morte em combate na batalha de Talavera, já como tenente das tropas republicanas. Recebeu honras de herói nacional e teve funeral de Estado.
Das origens e natureza da guerra que se travou em Espanha entre 1936 e 1939, entre as forças democráticas republicanas e as tropas falangistas apoiadas pelo nazi-fascismo alemão e italiano falou Domingos Abrantes, começando por sublinhar as paixões que este acontecimento ainda hoje suscita. Se a sua origem está ligada a questões como a repartição da riqueza, já a política de alianças – que na Espanha de finais dos anos 30 teve uma importância central – é ainda hoje um tema extremamente premente. Para Domingos Abrantes, há na época actual «uma tendência crescente para branquear o fascismo e estamos a assistir a uma revisão da história. Há um silenciamento em torno destas questões. A guerra de Espanha foi o primeiro grande conflito internacional das fronteiras da liberdade».
A Guerra de Espanha foi, para Domingos Abrantes, uma «guerra internacional disputada num território nacional e as forças em presença foram praticamente as mesmas que se opuseram na Segunda Guerra Mundial». Daí que se considere a Guerra de Espanha como o «gatilho» do segundo grande conflito internacional, acrescentou.
O militante comunista e actual membro do Conselho de Estado denunciou ainda o papel das chamadas «democracias ocidentais», que abandonaram a República espanhola às mãos das hordas nazi-fascistas. Domingos Abrantes não esqueceu a solidariedade activa prestada pelas forças antifascistas de todo o mundo e a sua participação na guerra ao lado da República, em especial nas Brigadas internacionais.