Solidariedade que une e dá força

Hugo Janeiro

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Dezenas de partidos comunistas e operários e forças progressistas estiveram na Festa do Avante!, alguns com pavilhão próprio no Espaço Internacional, que voltou a ser o ponto central da solidariedade na luta que continua. Luta pela democracia, o progresso, a paz e o socialismo, consigna que, aliás, era a deste espaço, estando patente na sua entrada principal.
A expressão internacionalista da Festa do Avante! não se confina, porém, ao Espaço Internacional. Ao longo de três dias, nos pavilhões de sete organizações regionais do PCP ocorreram outros tantos momentos de solidariedade (ver caixa).
Igualmente significativo enquanto expressão internacionalista foi a presença de 58 partidos comunistas e operários e forças progressistas de vários pontos do globo, 33 dos quais, de 27 países, com stand próprio.
Os visitantes da Festa do Avante! tiveram, assim, a oportunidade de actualizarem, aprofundarem ou iniciarem o seu conhecimento sobre a situação, as dificuldades, as lutas e os objectivos que norteiam os trabalhadores e os povos. Tanto mais que se encontrava disponível abundante material político propiciador de esclarecimento e não raramente encontrámos visitantes à conversa com membros de delegações estrangeiras.
Numa dúzia de pavilhões de partidos e organizações era possível provar iguarias doutras paragens, satisfazendo não apenas a básica necessidade alimentar mas também a curiosidade do palato. Uma forma de conhecer melhor culturas alheias que, no Espaço Internacional, era igualmente tangível através da compra de artesanato (e oferta diversificada não faltava) ou da degustação de bebidas, umas mais típicas do que outras. Na companhia de familiares, amigos ou camaradas, para muitos uma parte marcante da Festa fez-se de convívio no Espaço Internacional.
Com pavilhão próprio estiveram também presentes os activistas portugueses do movimento da paz (Espaço da Paz), a Associação Iúri Gagárin e a Associação de Amizade Portugal Cuba.

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Contributo
Quanto ao conteúdo político-cultural mais específico, realça-se seis debates com representantes de cerca de duas dezenas de partidos comunistas estrangeiros, realizados num local que desde o ano passado é dedicado à troca de ideias e à reflexão (ver página 26). Até então, os debates ocorriam no Palco Solidariedade, agora destinado exclusivamente a espectáculos (ver caixa).
No ano em que se assinala o centenário da Revolução de Outubro, esta ocupou lugar no Espaço Internacional. Desde logo através de um grande mural em que se destacava direitos consignados logo após o triunfo socialista no país de Lénine e dos sovietes.
Os murais no Espaço Internacional foram, aliás, agitadores de consciências, alertando para a urgência da luta pela liberdade e a democracia (Ucrânia), pela paz, contra as armas nucleares e o sistema anti-míssil dos EUA, a NATO e as guerras de agressão e ingerência (no Médio Oriente, particularmente na Síria, e em África, por exemplo).
Pintados nas paredes estavam também apelos à solidariedade para com a resistência dos povos pela sua independência (Saara Ocidental, Palestina) e em defesa da sua soberania e do direito a escolherem o seu próprio destino (Brasil, Cuba socialista contra o bloqueio, Venezuela Bolivariana, sendo que neste último caso existia um painel que desmontava a propaganda reaccionária que tem corrido mundo). Tudo a convocar ao reforço da frente anti-imperialista, do movimento comunista e revolucionário internacional e a amizade e cooperação entre os povos, afirmava-se noutros murais.
Por outro lado, uma série de painéis encontrava-se espalhada pelo recinto, configurando uma exposição que abria a sublinhar que «a Revolução de Outubro, as suas realizações e o sistema socialista foram factor, muitas vezes determinante, nas conquistas e avanços pela primeira vez alcançados pelos trabalhadores e os povos na sua luta de emancipação social e nacional, na luta pelos seus direitos e soberania».
Seguia-se uma série de exemplos que a história regista como triunfos libertadores, alguns ainda em curso, mas também de crimes do imperialismo ou por este promovidos para conter o movimento transformador impulsionado por Outubro. Gesta revolucionária que hoje perdura, por avanços de sentido progressista e pelo socialismo, em rota de colisão com a exploração e saque agravados pela crise aguda do capitalismo, como se aludia na mostra.
Daí a importância da solidariedade para a união e força dos explorados. Pelo que constatámos, o Espaço Internacional deu o seu contributo.

 



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