Igualdade de género, esse bom negócio

Margarida Botelho

«Porque é que a igualdade de género é um bom negócio?» é o título do relatório do Forum de Empresas para a Igualdade de Género (IGEN). É um daqueles títulos absolutamente assertivos, que são clarificadores do objectivo a que os autores se propõem.

O IGEN existe desde 2013, promovido pela CITE, a entidade governamental que tem como atribuição prosseguir a igualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho. 21 empresas assinaram um «compromisso para a igualdade de género»: Bancos Espírito Santo e Santander Totta, Baía do Tejo, Carris, CTT, EDP, Gebalis, Grupos Auchan e CH, IBM, INCM, Microsoft, Nestlé, PSA Peugeot Citroen, PT, RTP, Visteon, Xerox, e Portos de Leixões, Setúbal e Sines, tendo posteriormente aderido mais dez empresas, todas da mesma dimensão e peso na economia nacional.

O relatório a que nos referimos elenca as razões pelas quais vale a pena promover a igualdade de género na óptica do capital: porque permite uma visão «holística» dos problemas, porque são as mulheres as principais responsáveis pelo consumo nas famílias e tê-las nos momentos de decisão aumenta a probabilidade de fazer bons negócios, porque a satisfação dos «colaboradores» aumenta a produtividade.

O relatório é uma longa série de exemplos de actividades que estas empresas promovem: dicionários de «linguagem inclusiva», presentes ou prémios quando os filhos nascem, apoio na procura de emprego para os familiares desempregados, não marcação de reuniões à sexta-feira à tarde, dias para os filhos irem visitar os pais ao trabalho, e muitas mais originalidades do tipo que não cabem neste pequeno texto.

Em nenhum momento do relatório são referidas duas questões centrais para as mulheres trabalhadoras: aumento dos salários e redução do horário de trabalho. Deve ser porque essas são coisas que já não dão lucros assim tão bons quando o negócio é explorar...

 



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