Medidas justas para as justas reivindicações dos bailarinos
O Parlamento aprovou, na generalidade, dia 19, o projecto de lei do PCP que cria o Estatuto do Bailarino Profissional.
Urge uma escola que preserve as características da CNB
O diploma comunista, que baixou à comissão de Trabalho e Segurança Social para apreciação na especialidade, obteve ainda os votos favoráveis de PEV, BE e PAN, optando PS, PSD e CDS-PP pela abstenção.
Na apresentação do diploma da sua bancada, o deputado comunista Miguel Tiago fundamentou a urgência em dar corpo a este Estatuto com o facto de se assistir a um agravar dos problemas a «cada dia que passa», sem que lhes seja dada resposta.
Problemas que identificou lembrando que «há bailarinos colocados de lado no mundo da dança por força da idade», tal como «há bailarinos lesionados, sem qualquer apoio, sujeitos a tratamentos e impossibilitados de dançar».
Daí a urgência que há em criar o referido Estatuto, a qual, do ponto de vista do PCP, é justificada ainda com a necessidade não só de manter uma linha de continuidade no trabalho dos bailarinos como de avançar na criação de uma escola, sob pena de se perder o «fluxo geracional e a estética da Companhia Nacional de Bailado».
E porque a dança clássica em Portugal tem na Companhia Nacional de Bailado o seu «mais seguro e sólido representante» – «de que todos nos orgulhamos», frisou Miguel Tiago –, o PCP entende já não haver desculpas de qualquer espécie para não criar um «regime de aposentação, de reinserção profissional, de reconversão profissional, um seguro de trabalho digno e adequado às características da profissão e uma escola que preserve também as características da CNB e as aprofunde».
No debate, pela voz de Sofia Araújo, o PS considerou que as medidas propostas «traduzem um aumento de encargos significativos para a OPART» (Organismo de Produção Artística, E.P.E), pelo que defendeu «não ser prudente a sua aprovação imediata, sem estar previamente assegurada a melhor forma de satisfazer esses encargos».
«Nem queria acreditar no que estava a ouvir. Espero que não seja o PS a inviabilizar uma solução para os bailarinos profissionais», reagiu a deputada do PEV Heloísa Apolónia, levando a parlamentar do PS a corrigir o tiro e, num segundo momento, a afirmar «toda a disponibilidade» da sua bancada para discutir o assunto e para encontrar o «melhor caminho possível e o mais justo».
À comissão baixaram ainda diplomas relacionados com esta matéria do PEV, BE e um conjunto do PSD e do CDS-PP.