1917 – O fim dos impossíveis

Manuel Gouveia

Durante milénios, os exploradores apoiaram-se numa ideia poderosa: sempre foi e sempre será assim, sempre houve ricos e pobres, dominados e dominantes, essa é a ordem natural, essa é a vontade divina, nada podes fazer para o contrariar.

Eles ainda hoje o repetem, nos altares, nas cátedras, e no misto de ambas que nasceu nos mass media. O seu apelo é milenar: conforma-te, acomoda-te, salva-te, não tentes mudar o que não pode ser mudado.

Mas esse mito ruiu em 1917, e é essa realidade que tentam esconder sob toneladas de mentiras e caricaturas.

Quando na noite troou o Aurora, o que se ouviu foi «É possível!» É possível tomar o poder. É possível exercer o poder, construir uma democracia tão ampla quanto os limites do Estado o permitem, fazer funcionar a economia, resistir às mais brutais agressões. E foi. E é. Durante dezenas de anos o povo soviético ergueu uma sociedade onde a posse dos meios de produção era social, uma sociedade sem capitalistas e sem latifundiários, enquanto o poder dos trabalhadores fazia avançar a humanidade: recordamos sempre a derrota da besta nazi e a conquista do Cosmos, mas não esqueçamos coisas tão decisivas como o direito aos tempos livres, o voto universal, o pleno emprego, as férias pagas, o acesso universal à saúde e à educação.

A revolução de Outubro iluminou o mundo bárbaro criado pelo imperialismo no início do século XX. Um mundo onde milhões de trabalhadores se faziam matar uns aos outros para decidir as taxas de rentabilidade dos respectivos capitalistas. Quem a ela se lançou, com as armas do socialismo científico, inaugurou uma época que é a época em que vivemos, a época da transição do capitalismo para o socialismo.

Com os imensos recursos de que dispõem, as classes dominantes tentarão fazer do centenário da Revolução uma tentativa de travar as lutas actuais e as próximas revoluções. Para tal contarão com um largo espectro de instrumentos, colaboradores e lacaios, como é o caso da colecção lançada pelo clube de Bildberg sobre a vida de Estáline com prefácio de Portas e Louçã.

Não nos atemorizarão: há milénios que lutamos contra forças infinitamente superiores. E aprendemos com Outubro: é possível, organiza-te!




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