No maior local de trabalho da Grande Lisboa

Precariedade exposta

Os ele­vados ní­veis de em­prego pre­cário no ae­ro­porto de Lisboa, mas também os sa­lá­rios baixos e os ho­rá­rios à von­tade do pa­trão, foram pu­bli­ca­mente ex­postos e con­de­nados, numa acção con­junta de vá­rias es­tru­turas da CGTP-IN.

O vín­culo pre­cário abre as portas aos abusos pa­tro­nais

A «tri­buna pú­blica», pro­mo­vida pela União dos Sin­di­catos de Lisboa, com en­vol­vi­mento de sin­di­catos de trans­portes e co­mu­ni­ca­ções, ho­te­laria, co­mércio, lim­peza e vi­gi­lância, marcou o ar­ranque, a nível dis­trital, da cam­panha da In­ter­sin­dical contra a pre­ca­ri­e­dade, lan­çada no 13.º Con­gresso para se es­tender por quatro anos.
No dia 20, quarta-feira, entre as 10 e as 14 horas, di­ri­gentes e ac­ti­vistas com ban­deiras e faixas, apoi­ados por uma ins­ta­lação so­nora móvel, reu­niram-se na zona das par­tidas, junto ao acesso ao Me­tro­po­li­tano, onde dis­tri­buíram uma tar­jeta a tra­ba­lha­dores, tu­ristas e pas­sa­geiros. Houve ainda um pe­ríodo de in­ter­ven­ções, sobre os pro­blemas la­bo­rais nos vá­rios sec­tores e em­presas.

No tra­balho
e na vida

«Pre­ca­ri­e­dade no tra­balho é ins­ta­bi­li­dade na vida!» e «Com a pre­ca­ri­e­dade não che­gamos a lado ne­nhum!» foram as ideias des­ta­cadas no fo­lheto, apon­tando al­gumas si­tu­a­ções con­cretas que ocorrem no Ae­ro­porto Hum­berto Del­gado. Por exemplo:
há quem tra­balhe 10 a 12 horas por dia e também há tra­ba­lha­dores que du­rante um mês não têm um fim-de-se­mana de des­canso;
há mães e pais cujos ho­rá­rios de tra­balho os im­pedem de ver os fi­lhos du­rante quatro dias;
80 por cento da­queles que tra­ba­lham no ae­ro­porto não con­se­guem ter fé­rias no Verão e no Natal;
com o tra­balho a co­meçar ou ter­minar a horas em que não há trans­portes pú­blicos, muitos tra­ba­lha­dores têm de usar vi­a­tura pró­pria mas as em­presas não as­se­guram es­ta­ci­o­na­mento nos par­ques do ae­ro­porto;
na as­sis­tência a pas­sa­geiros e ba­gagem (han­dling) uma grande parte dos tra­ba­lha­dores re­cebe o sa­lário mí­nimo na­ci­onal e tem con­tratos pre­cá­rios;
a Car­ristur con­si­dera-se em­presa pú­blica, para re­cusar au­mentos sa­la­riais, e con­si­dera-se pri­vada, para não aplicar a con­tra­tação mais fa­vo­rável;
a mul­ti­na­ci­onal Vinci (a quem foram en­tre­gues a ANA e a Portway) de­sen­ca­deou o ter­ceiro des­pe­di­mento co­lec­tivo num ano, ame­a­çando deixar sem em­prego 256 tra­ba­lha­dores e ten­tando pre­ca­rizar dois mil.
A União e os sin­di­catos da CGTP-IN, por outro lado, des­tacam na tar­jeta que, para con­cre­tizar «uma mu­dança de po­lí­tica cen­trada na va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores», é «ur­gente» dar al­guns passos con­cretos, que cor­res­pondem a rei­vin­di­ca­ções da con­fe­de­ração: o au­mento geral dos sa­lá­rios e a su­bida do sa­lário mí­nimo para 600 euros; com­bater a pre­ca­ri­e­dade, as­se­gu­rando que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um vín­culo de tra­balho efec­tivo; re­duzir o ho­rário de tra­balho para 35 horas, para todos; acabar com a des­re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios de tra­balho, de forma a con­ci­liar o tra­balho com a vida pes­soal e fa­mi­liar; res­peitar o di­reito à con­tra­tação co­lec­tiva e repor o prin­cípio do tra­ta­mento mais fa­vo­rável na le­gis­lação la­boral.
O do­cu­mento fecha com um apelo à sin­di­ca­li­zação para dar mais força à luta dos tra­ba­lha­dores.

 



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