No Brasil, contra o golpe
No rescaldo das grandes acções de massas realizadas dia 18, sob convocatória de diversas forças políticas e sociais brasileiras, milhares de pessoas manifestaram-se no dia 24 em defesa da democracia, contra o golpe articulado por sectores da direita e em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Em São Paulo, cerca de 30 mil pessoas deram corpo à maior mobilização do dia. Reunidos no Largo da Batata, os manifestantes marcharam em seguida até às instalações da TV Globo, que acusam de estar envolvida na «trama golpista» e de ter «um histórico de casos que atentam contra a democracia».
No dia anterior, 23 de Março, as seis principais centrais sindicais do Brasil reuniram-se em São Paulo num acto contra a destituição de Dilma Rousseff e de apoio a Lula da Silva, que esteve presente como convidado.
Entretanto, as estruturas de luta contra o golpe, promovem hoje, 31, um Dia Nacional de Mobilização sob o lema «Em defesa da democracia: golpe nunca mais; contra o ajuste fiscal: por outra política económica; em defesa dos direitos: contra a reforma da Previdência».
Em nota divulgada após a reunião da sua Comissão Política, segunda-feira, 28, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) considerou o protesto agendado para hoje uma das batalhas decisivas que se aproximam. Outra terá lugar no próximo dia 9 de Abril com a realização da Assembleia Popular em defesa da Democracia», em São Paulo.
O PCdoB salienta «a necessidade de ampliarmos cada vez mais a resistência democrática» e apela a que a mobilização contra o golpe seja mantida «nas ruas, nas redes, nas universidades, nas instituições».
Dois pesos, duas medidas
No dia 23, o portal UOL divulgou uma lista apreendida no âmbito das investigações Lava Jato, em que surgem os nomes de mais de 200 políticos, de 18 partidos, suspeitos de terem recebido dinheiro ilícito da construtora Odebrecht. Entre os nomes divulgados encontram-se os de destacados golpistas como Aécio Neves, José Serra ou Eduardo Cunha. Lula e Dilma não constam da lista.
O juiz Sérgio Moro, que não teve pejo em divulgar à comunicação social escutas ilegais feitas à Presidente da República – uma conversa telefónica entre ela e Lula da Silva na véspera da tomada de posse deste como ministro –, agora decretou o segredo de justiça, alegando «imunidade».