Coragem frente à Ancave
Trabalhadores de empresas de abate de aves concentraram-se no dia 17, quinta-feira, frente à sede da associação patronal do sector, em Lisboa, para protestarem contra a retirada de direitos e exigirem a actualização dos salários, congelados há dois anos, denunciando os objectivos pretendidos pelos patrões com a declaração de caducidade do contrato colectivo de trabalho.
No protesto, promovido pelo Sindicato da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (Sintab), que apresentou um pré-aviso de greve de modo a alargar o impacto da jornada, participou o Secretário-geral da CGTP-IN, que elogiou a grande coragem e a afirmação de dignidade dos trabalhadores em luta. Na véspera, o sindicato tinha acusado a Avipronto de recorrer a ameaças de sanções disciplinares, para dissuadir o pessoal de aderir à greve e deslocar-se à manifestação.
Com a caducidade, acusa o sindicato, a Ancave (Associação Nacional dos Centros de Abate de Aves) pretende incentivar a precariedade de emprego, reduzir de 50 para 25 por cento o acréscimo no pagamento do trabalho nocturno, eliminar três dias de férias por ano e atacar outros direitos.
Arménio Carlos, a propósito deste caso, alertou que a estratégia de bloqueamento de várias associações patronais não só põe em causa o aumento dos salários, como coloca em risco a própria contratação colectiva. Para a CGTP-IN, fica sublinhada a importância de «passar das palavras aos actos» no que toca ao compromisso, assumido pelo ministro do Trabalho, de rejeitar e rever todos os processos de denúncia de convenções colectivas em que tenha havido acordo após 2003.
Rita Rato, deputada do PCP, compareceu na concentração para expressar a solidariedade do Partido e reafirmar o compromisso de colocar as suas posições no Parlamento.